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O que Maduro pode esperar de seus aliados diante da pressão militar dos EUA?

Tudo aponta para um cenário iraniano em vez de um norte-coreano: Moscou incluiu uma cláusula de assistência mútua em caso de agressão no acordo com Pyongyang, mas não no caso de Teerã, que abandonou à própria sorte quando os EUA bombardearam as instalações nucleares da república islâmica.

Redação Internacional, 2 de dezembro (EFE) – Diante da crescente pressão militar dos Estados Unidos sobre o regime de Nicolás Maduro, que mobilizou seu poder naval e aéreo no Caribe, o ditador venezuelano se vangloria de ter apoio internacional, sem que seus aliados esclareçam, por ora, se esse apoio poderia ir além das palavras e se materializar em uma defesa militar.

Rússia: abrir uma segunda frente é demais para o Kremlin

Desde o início, a Rússia defendeu verbalmente Maduro com declarações do Kremlin, do Ministério das Relações Exteriores e de ambas as casas do Parlamento, mas poucos analistas locais e estrangeiros acreditam que Moscou fará o mesmo na prática e abrirá uma segunda frente em seu atual antagonismo com o Ocidente.

Maduro falou sobre uma estreita cooperação militar com Moscou, mas o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, negou categoricamente as notícias de que Caracas teria solicitado oficialmente assistência militar.

A única certeza é que um avião de carga militar russo Il-76 pousou em Caracas no final de outubro. Alexei Zhuravlyov, um deputado conhecido por sua franqueza, afirmou que a aeronave transportava sistemas de defesa aérea Pantsir e Buk, semelhantes aos que protegem as residências do chefe do Kremlin, mas ninguém confirmou essa informação.

Após o início da crise entre a ditadura venezuelana e os EUA, o presidente russo Vladimir Putin pôs em vigor o acordo de cooperação e parceria estratégica assinado em maio, um compromisso que ratificou há uma semana em carta dirigida a Maduro, segundo o ministro das Relações Exteriores do regime venezuelano, Yván Gil.

Na tentativa de agradar ao Kremlin, Caracas prorrogou recentemente por 15 anos a operação de duas empresas petrolíferas russo-venezuelanas em regime de joint venture e também decidiu aumentar os voos para Moscou após cancelar as licenças de oito companhias aéreas.

Em todo caso, tudo aponta para um cenário iraniano em vez de um norte-coreano: Moscou incluiu uma cláusula de assistência mútua em caso de agressão no acordo com Pyongyang, mas não fez o mesmo no caso de Teerã, que abandonou à própria sorte quando os EUA bombardearam as instalações nucleares da república islâmica.

China: um aliado sem acordos de defesa conhecidos

O governo chinês afirmou que sua cooperação com a Venezuela ocorre “entre Estados soberanos e não é dirigida contra terceiros”, ao mesmo tempo em que instou Washington a manter a cooperação judicial e policial dentro de “estruturas jurídicas bilaterais e multilaterais”.

Pequim e Caracas não possuem um acordo público de defesa, embora o país latino-americano compre armas de seu aliado asiático. Dado o sigilo que envolve essas questões na China, é altamente improvável que qualquer apoio potencial da China à Venezuela se torne público.

Assim, o apoio chinês ao regime venezuelano, diante da presença militar dos EUA no Caribe nos últimos meses, não ultrapassou as declarações diplomáticas de apoio.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, enfatizou em novembro que a China “se opõe a qualquer tentativa de minar a paz e a estabilidade na América Latina e no Caribe, bem como a ações coercitivas unilaterais contra navios de outros países que excedam os limites razoáveis ​​e necessários”.

O gigante asiático tem se mantido, nos últimos anos, como um dos aliados mais fiéis da ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela e tem criticado repetidamente a “interferência de forças externas” no país rico em petróleo, com o qual, em 2023, elevou suas relações à categoria de “parceria estratégica contra todas as adversidades”.

Irã: um aliado enfraquecido

O Irã pediu respeito à soberania nacional e à integridade territorial da Venezuela diante da presença militar dos Estados Unidos no Caribe.

No início de novembro, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Ismail Baghaei, declarou em uma coletiva de imprensa que “a Venezuela, como um país independente com um povo firme e determinado, será sem dúvida plenamente capaz de se defender”.

Baghaei considerou os recentes movimentos militares dos EUA nas proximidades das águas venezuelanas uma “clara violação” da Carta da ONU.

Da mesma forma, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, condenou a “atitude intimidatória” dos Estados Unidos em relação à Venezuela em uma conversa telefônica na última terça-feira com seu homólogo venezuelano e denunciou o “unilateralismo agressivo” de Washington.

Há três anos, os dois países formalizaram sua aliança com a assinatura de um acordo de cooperação estratégica de vinte anos “em todas as áreas”, durante uma visita de Maduro ao Irã, embora não se saiba se o acordo de 2022 tem uma dimensão militar ou de defesa.

Apesar de ser um de seus aliados mais próximos, analistas concordam que é muito improvável que o Irã entre em conflito caso os Estados Unidos invadam a Venezuela, especialmente após os golpes sofridos na guerra de 12 dias com Israel em junho.

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