Do latim “cum clave” (a sete chaves), é uma reunião na qual cardeais com menos de 80 anos se reúnem na Capela Sistina, a portas estritamente fechadas, para eleger um sucessor para o falecido, e não retornarão à “liberdade” até que sua missão esteja concluída.
Cidade do Vaticano, 21 de abril (EFE) – A morte do Papa Francisco nesta segunda-feira, aos 88 anos, deixa a Igreja em “sede vacante”, um período excepcional que se concluirá com a celebração de um antigo e cerimonioso ritual em busca de um sucessor: o conclave.
Do latim “cum clave” (a sete chaves), é uma reunião na qual cardeais com menos de 80 anos se reúnem na Capela Sistina, a portas rigorosamente fechadas, para eleger um sucessor para o falecido, e eles não retornarão à “liberdade” até completarem sua missão.
A “sede vacante” segue um ritual claramente estipulado no qual “nada deve ser inovado”, conforme exigido pelo Direito Canônico. Estas são as chaves para uma cerimônia hermética e centenária:
Para Roma
Após a morte do Papa, a Santa Sé foi colocada nas mãos do camerlengo, atualmente o americano Kevin Farrell. O primeiro passo será convocar todos os cardeais a Roma para o funeral e organizar a sucessão.
Preparativos
Os cardeais devem concordar com a data do conclave, que será realizado antes do vigésimo dia após a proclamação da “sede vacante”.
Isolamento
O conclave é realizado com os cardeais presos para incentivar o acordo e evitar interferências. Essa prática surgiu em 1270, quando os habitantes de Viterbo, então sede papal, cansados de anos de indecisão, aprisionaram os “príncipes da igreja” até que um sucessor fosse escolhido. Funcionou e a pessoa designada foi Gregory X.
Assim, na data escolhida, eles se trancarão na Capela Sistina para debater o nome do futuro papa, embora apenas menores de 80 anos possam votar ou ser eleitos.
Este dia histórico começará com a missa “Pro eligendo papa” na Basílica de São Pedro, e então os eleitores farão uma procissão até a Capela Sistina, cantando “Veni creator”.
Uma vez lá dentro, antes do Juízo Final de Michelangelo, eles farão um juramento e então o mestre de cerimônias expulsará os estranhos proclamando “Extra omnes” (todos para fora) e fechará as portas para garantir privacidade absoluta (até mesmo bloqueadores de frequência são usados).
Cardeais eleitores
Atualmente, há 138 eleitores (em fevereiro de 2025). A maioria é da Europa (54), seguida dos asiáticos (24), sul-americanos (18), norte-americanos (16), africanos (18), centro-americanos (4) e oceânicos (4). Francisco descentralizou a Igreja com dez consistórios nos quais criou cardeais “das periferias”.
O modo de votação
Abolidos os métodos de aclamação e de compromisso, a eleição será realizada por escrutínio secreto. Para que a eleição do Romano Pontífice seja válida, são necessários dois terços dos votos.
No primeiro dia da corrida de touros, será realizada uma única votação e, nos dias subsequentes, se a votação não for bem-sucedida, duas pela manhã e duas à tarde.
As cédulas
O escrutínio terá três cardeais encarregados de escrutinar o processo e três encarregados de revisá-lo. As cédulas serão retangulares e terão a inscrição “Eligo in Summum Pontificem”, enquanto na parte inferior haverá um espaço para escrever o nome do escolhido.
Em seguida, cada cardeal levará sua cédula à urna e, diante dos escrutinadores, fará o juramento: “Chamo Cristo de Senhor, que me julgará, como minha testemunha de que dou meu voto àquele que, na presença de Deus, acredito que deve ser eleito.” Depois, ele colocará a cédula em um prato e a deslizará para dentro da urna.
Contagem
Depois que todos tiverem votado, a contagem começa. Os escrutinadores lerão cada cédula em voz alta enquanto outro toma notas e um terceiro as perfura com água e linha, unindo-as em um barbante.
As fumaças
Após cada votação, os votos serão queimados em um fogão instalado para a ocasião na Capela Sistina. A cor da fumaça que sai da chaminé anunciará o resultado para o mundo exterior: se for branca, significa que um acordo foi alcançado. Se for preto, o conclave deve continuar. Antigamente, usava-se lenha ou palha para intensificar a fumaça e evitar confusão, mas agora são usados produtos químicos.
Você aceita?
Quando um cardeal prevalece sobre os demais, o decano, Giovanni Battista Re (em fevereiro de 2025), perguntará ao escolhido: “Você aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?” Se ele concordar, o decano perguntará como quer ser chamado.
Habemus papam
O novo papa soberano é então levado à sacristia da Capela Sistina, conhecida como “Salão das Lágrimas”, onde três vestes papais de vários tamanhos serão preparadas (já que é impossível saber com antecedência quem será escolhido).
O passo final será anunciar a eleição ao mundo: “Habemus Papam” (temos um papa) é a fórmula que o protodiácono exclamará da sacada da Basílica do Vaticano. O novo pontífice então se apresentará ao mundo e concederá sua primeira bênção ‘Urbi et Orbi’.