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Governador de Santiago, Chile, é acusado de possível fraude multimilionária em sua campanha

A oposição solicitará ao Tribunal de Qualificação Eleitoral (Tricel) que se pronuncie sobre a permanência do governador de Santiago, alegando “abandono significativo do dever”. Caso o órgão confirme sua posição, ele será substituído por Álvaro Bellolio, da União Democrática Independente (UDI).

O governador da região metropolitana de Santiago do Chile, Claudio Orrego, está a caminho de se tornar o primeiro funcionário a ser destituído do cargo por fraude fiscal. A Controladoria alega que recursos públicos foram desviados no ano passado para financiar serviços de consultoria durante sua campanha de reeleição, após o pagamento de US$ 31.000 à empresa de consultoria Vera y Asociados por um serviço de coaching que “incluía explicitamente tópicos, riscos e ações relacionados a contingências políticas”.

Telefones, computadores e até e-mails enviados do servidor da agência fazem parte da apreensão feita pelos Carabineros e pela Promotoria do Leste na sede do Governo Regional (GORE), bem como na casa de Orrego, de acordo com relatos do T13. 

A promotora Constanza Encina autorizou a investigação, que envolve outros dez funcionários do órgão, incluindo Mayuri Reyes, chefe da divisão de orçamento e investimentos do Governo Regional da Catalunha (GORE).

Segundo a Controladoria, 16 das 28 sessões consultivas abordaram questões relacionadas à disputa eleitoral em que Orrego enfrentou Francisco Orrego, candidato de direita. Não há atas das outras 24 sessões. No entanto, em uma reunião de abril de 2024, foi mencionada “preocupação com as pesquisas” e até mesmo “preocupação” com a implementação de seu “discurso territorial”. As conclusões levaram Orrego a ser indiciado e a prestar depoimento perante o Ministério Público.

Assunto de interesse

“Nenhum recurso público foi utilizado na minha campanha, e demonstrarei isso com segurança e documentação. Sempre agimos corretamente e dentro da lei”, é a única declaração de Orrego sobre o caso.

Para convencer a Justiça disso, o governador contratou o escritório de advocacia Bascuñán Barra Awad Contreras Schürmann (BACS), o mesmo que representa Josefina Hunneus, psiquiatra do presidente Gabriel Boric , cuja ligação com o líder nacional foi interceptada pela Polícia Investigativa (PDI). Os dois discutiram fraudes fiscais e tráfico de influência cometidos pela Fundação ProCultura e outras 60 organizações vinculadas ao poder executivo.

Orrego também aparece nesse caso como “objeto de interesse” por possível tráfico de influência, fraude fiscal e peculato, após nomear Alberto Larraín, fundador da ProCultura, como diretor da Corporação de Desenvolvimento Regional e, duas semanas depois, entregar US$ 1,5 milhão à ProCultura para a implementação do programa de prevenção ao suicídio “Quédate”.

Procedimentos de revelação

As últimas investigações envolveram a quebra do sigilo bancário do governador de Santiago, o que, segundo a Unidade de Análise Financeira (UAF) do Ministério da Fazenda, indica saques em dinheiro.

No entanto, o líder metropolitano nega esse resultado. Larraín não pode fazer o mesmo, já que a receita da ProCultura aumentou até dez vezes com recursos públicos entre 2021 e 2022, ano em que o presidente Boric assumiu o cargo, passando de 316.849.723 pesos em 2021 para 3.282.841.556 pesos em 2022.

O promotor regional de Coquimbo, Patricio Cooper, lidera essas investigações, que têm outros cinco governadores sob escrutínio: Ricardo Díaz, de Antofagasta; Rodrigo Mundaca de Valparaíso; Rodrigo Díaz da Biobío; Óscar Crisóstomo de Ñuble; e Jorge Moscas de Magalhães. Todos são funcionários pró-governo e os seus escritórios já foram invadidos.

Demissão iminente

O impeachment de Orrego é iminente? É iminente. Ignacio Dülger, vereador regional metropolitano pelo Partido Republicano, afirma ter as assinaturas necessárias para pressionar por sua destituição nas próximas horas.

A oposição solicitará ao Tribunal de Qualificação Eleitoral (Tricel) que se pronuncie sobre a permanência do governador de Santiago, alegando “abandono significativo do dever”. Caso o órgão confirme sua posição, ele será substituído por Álvaro Bellolio, da União Democrática Independente (UDI).

Os artigos 43 e 44 do regimento interno estabelecem que o Conselho Regional deve convocar uma sessão extraordinária para nomear um governador suplente dentre os conselheiros, por maioria absoluta. Caso não haja nome, a terceira votação será decidida por maioria simples, de acordo com o site ExAnte.

Entretanto, em caso de empate, o candidato com o maior número de votos decidirá e, se a terceira sessão não puder ser realizada, o conselheiro com o maior número de votos assumirá o cargo diretamente.

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