Enquanto dois aviões da Força Aérea dos Estados Unidos sobrevoavam Georgetown neste domingo durante a posse de Irfaan Ali para seu segundo mandato como presidente da Guiana, o ministro da Defesa do regime chavista, Vladímir Padrino López, anunciava um “reforço” militar na costa venezuelana, excluindo a fachada atlântica em frente ao Esequibo e evitando mencionar os EUA.
As tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela não diminuíram neste fim de semana. Pelo contrário, houveram alguns movimentos militares de ambos os lados que, embora em teoria evitem o confronto direto, na prática constituem desafios ao adversário. É claro que não se pode falar em igualdade de condições. Por um lado, o Pentágono permanece firme em suas crescentes operações contra cartéis de drogas na região, aumentando sua mobilização e realizando exercícios militares a poucos quilômetros da Venezuela, enquanto, por outro, os chavistas admitem estar entrincheirados em um bunker.
Com um vídeo que revela mais fraqueza do que força, o Ministro da Defesa do regime, Vladimir Padrino López, anunciou “um reforço especial do destacamento existente” tanto na região do Caribe quanto na costa atlântica da Venezuela, conforme ordenado pelo ditador Nicolás Maduro, segundo o mais alto comandante militar. No entanto, há um detalhe que não foi esquecido. É o fato de Padrino López admitir que faz essas declarações com “todos” os seus “irmãos” do “Estado-Maior General das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas no bunker”, que, como visto no vídeo, de fato parece ser um abrigo subterrâneo para proteção contra bombardeios, de acordo com o significado de “bunker”, segundo a Real Academia Espanhola.
Dessa forma, o ministro chavista não apenas reconhece que os líderes militares estão entrincheirados em um bunker, como também revela mais um sinal de fraqueza. Este é um detalhe significativo. Ao anunciar os reforços militares nos estados costeiros do leste do país – sempre enfatizando que isso foi ordenado por seu “comandante em chefe” – Padrino López menciona a Ilha Margarita (estado de Nueva Esparta), o estado de Sucre e o estado de Delta Amacuro, mas exclui Essequibo, o território disputado com a Guiana que o regime alega ter anexado como mais um estado dentro do território venezuelano, como sempre mostrado nos mapas. Um governador foi eleito este ano, mas este foi apenas um ato simbólico.
El propio Ministro de Defensa de Maduro reconoce que parte del Estado Mayor se encuentra en un búnker.
— Mag Jorge Castro🇨🇺 (@MagJorgeCastro) September 7, 2025
Hay mucho miedo en los círculos de poder del chavismo… llevan días sin dormir.
pic.twitter.com/stUsBBoBSg
Avião dos EUA na Guiana, muito perto do disputado Essequibo
Além disso, essa medida foi anunciada enquanto dois aviões AV-8B Harrier II da Força Aérea dos Estados Unidos sobrevoavam Georgetown neste domingo, durante a posse do presidente daquele país, Irfaan Ali, para assumir seu segundo mandato. Isso foi anunciado e posteriormente mostrado pela Embaixada dos EUA na Guiana. E, como é sabido, a capital guianesa fica muito perto da foz do rio Esequibo, que, de acordo com os mapas exibidos pelo regime de Maduro, é a fronteira natural entre os dois países. Dessa forma, os EUA se aproximam muito mais do território venezuelano, podendo ter sobrevoado o espaço aéreo da Zona de Recuperação sem que Caracas ouse emitir uma nota de protesto.
Today, two U.S. AV-8B Harrier II aircraft took part in a closely coordinated flyover during President Ali’s inauguration. The flyover symbolizes our full solidarity with the people of Guyana as we advance our shared goals of peace, prosperity and regional security. pic.twitter.com/dHKaLcGP30
— U.S. Embassy Guyana (@EmbassyGuyana) September 7, 2025
E um terceiro detalhe observado na declaração de Padrino López é a cautela de um chavismo entrincheirado em um bunker que evita mencionar diretamente os Estados Unidos. O ministro da Defesa da ditadura afirma que o “reforço especial” é para combater o narcotráfico na região, ignorando o fato de que Washington enviou oito navios de guerra, um submarino nuclear e dez caças F-35 para o Caribe, que já começaram a atuar com o ataque a um navio carregado de drogas da Venezuela, no qual 11 pessoas morreram, segundo declaração oficial do presidente Donald Trump. “Ninguém vai pisar nesta terra para fazer o que nos cabe fazer”, é tudo o que Padrino López diz sobre o assunto, evitando menções diretas.