A embarcação, chamada Skipper, havia transferido “aproximadamente 200.000 barris perto de Curaçao para o Neptune 6, com bandeira do Panamá e destino a Cuba, antes da apreensão”. Também foi detectado que ela usava uma bandeira falsa da Guiana.
O petroleiro apreendido na costa da Venezuela, por ordem do governo dos EUA sob a presidência de Donald Trump, tem um passado obscuro que inclui carregamentos de petróleo bruto para Cuba. A embarcação, chamada Skipper, já havia sido utilizada no transporte de barris de petróleo para a ilha, segundo relatos independentes.
O anúncio da apreensão foi feito por meio de uma mensagem publicada pelo presidente republicano. “Apreendemos um petroleiro na costa da Venezuela, um petroleiro grande, muito grande. Outras coisas estão acontecendo”, afirmou, referindo-se à operação contra as redes de narcotráfico no Caribe. O regime chavista respondeu acusando os EUA de “um ato de pirataria internacional”. Quase simultaneamente, o regime cubano descreveu a ação como “uma escalada agressiva contra a Venezuela”. Ambos os regimes autoritários estão furiosos com a embarcação que supostamente os ajudou a entregar um dos muitos carregamentos de petróleo prometidos pelos chavistas ao seu aliado.
O navio Skipper, agora confiscado, partiu da costa venezuelana entre 4 e 5 de dezembro “após carregar aproximadamente 1,8 milhão de barris de petróleo bruto pesado Merey”, segundo uma reportagem da Reuters. Dados de satélite analisados pela TankerTrackers.com e informações internas da estatal petrolífera PDVSA indicam que o navio já havia transferido “aproximadamente 200 mil barris perto de Curaçao para o navio Neptune 6, de bandeira panamenha, com destino a Cuba, antes de sua apreensão”.


A operação de falsa bandeira
Este navio está sujeito a sanções prévias por transportar petróleo iraniano, uma ação punida por Washington. É provável que estivesse usando uma bandeira falsa para contornar essas restrições, como as autoridades descobriram durante a apreensão. Uma declaração do Departamento de Administração Marítima da Guiana (MARAD) indicou que o petroleiro, chamado Skipper, “não está registrado” naquele país que faz fronteira com a Venezuela.
Utilizar bandeiras falsas ou desativar radares é uma tática empregada por regimes autoritários para burlar sanções internacionais. O regime chavista teria recebido instruções do Irã para utilizar esses esquemas, transformando embarcações em navios fantasmas, o que, segundo registros, ajudou Maduro a triplicar as remessas de petróleo para Cuba até meados de 2024.
Mas não termina aí. Quatro anos antes, o ditador teria retomado os envios diretos para a China usando o mesmo modus operandi. A Rússia, por sua vez, também usou essa estratégia a seu favor no comércio, aproveitando-se das sanções impostas pela invasão da Ucrânia.
O acordo entre a Guiana e os EUA facilitou a apreensão
A estratégia do governo Donald Trump envolveu a assinatura de um acordo com a Guiana para expandir a cooperação militar entre as duas nações, o qual foi consolidado após reuniões com altos funcionários dos EUA, incluindo o principal assessor do Secretário de Guerra, Patrick Weaver, e o Subsecretário Adjunto de Defesa para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Joseph Humire.
Humire já havia declarado ao PanAm Post como o chavismo teceu redes ilícitas na América Latina, impulsionadas pelo Irã e pela China, incluindo o envio de navios iranianos à Venezuela, com o objetivo de usar o país como plataforma para criar um território único na região, apelidado de nova Grã-Colômbia. O Centro para uma Sociedade Livre e Segura (SFS), que ele dirige, também revelou como o grupo terrorista Hezbollah estabeleceu redes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.
Entretanto, Irfaan Ali, presidente da Guiana, explicou que o acordo fortalecerá outros acordos já existentes. Por exemplo, o acordo Shiprider, que permite que agentes de segurança dos EUA persigam, interceptem e abordem embarcações de narcotráfico em águas guianenses.