As palavras do presidente argentino, ao dar início ao 143° período de sessões legislativas no Congresso, parecem ter atendido às expectativas.

O período de sessões legislativas foi inaugurado no Congresso da Nação Argentina após o discurso do presidente Javier Milei, no qual ele não apenas revisou os avanços de sua gestão, mas também antecipou o que está por vir: um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o fim do controle cambial, a possibilidade de agravar as penas estabelecidas no Código Penal e a provável saída do Mercosul.

Embora o acordo com o FMI precise ser discutido e aprovado pelo Congresso, o presidente deixou claro mais uma vez a direção de seu governo. “Nos fornecerá as ferramentas para abrir caminho para um esquema cambial mais livre e eficiente para todos os nossos cidadãos e para atrair mais investimentos, o que resultará em menor inflação, maior crescimento e mais empregos”, afirmou o presidente em um discurso aguardado por simbolizar a rota que a Argentina seguirá nos próximos meses.

O discurso de Milei no Congresso abordou diversos temas. Desde questões internas, como a violência crescente na província de Buenos Aires, governada por Axel Kicillof — onde o presidente expressou suas condolências pelo recente assassinato de Kim Gómez, de apenas 7 anos — até a posição da Argentina na diplomacia internacional, captaram a atenção dos presentes no plenário e daqueles que acompanhavam de casa.

Mercosul “empobreceu os argentinos”

Um dos aspectos mais comentados foi a crítica direta ao Mercosul. “A única coisa que conseguiu desde sua criação foi enriquecer os grandes industriais brasileiros às custas do empobrecimento dos argentinos”, afirmou diante dos deputados nacionais, de seu gabinete de ministros e de diplomatas internacionais. Antes disso, destacou “a oportunidade histórica” que a Argentina tem de “estabelecer um acordo comercial com os Estados Unidos”.

“Mas, para aproveitar essa oportunidade histórica que se apresenta novamente, é necessário estar disposto a flexibilizar ou, se necessário, sair do Mercosul”, explicou. Não é a primeira vez que o presidente Javier Milei faz referência a esse bloco econômico. Durante sua participação na cúpula realizada em dezembro passado, ele deixou claro como a aliança se tornou um “obstáculo” para o desenvolvimento de seus compatriotas. Assim, essa nova menção apenas reitera as diretrizes que orientam o governo libertário.

O fato é que o discurso de Milei, ao dar início ao 143° período de sessões legislativas no Congresso, parece ter atendido às expectativas. Em meia hora, ele revisou os avanços de sua gestão, como a desaceleração da inflação e a redução da pobreza “de 56% para 33%”, segundo os últimos dados trimestrais. Sobre esse último ponto, acrescentou que os fatores que contribuíram para isso foram “a queda da inflação, o aumento sustentado dos salários reais e das aposentadorias, e o aumento real da AUH (Asignación Universal por Hijo) e do Plano Alimentar”.

O caminho está traçado para a administração do presidente argentino, que neste ano enfrentará eleições legislativas para renovar 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados, além de 24 das 72 cadeiras do Senado. Espera-se, assim, que o governo obtenha uma maioria que permita avançar com diversos projetos de Milei para a Argentina.