A oposição impulsionou a candidatura de Carlos Camargo Assis, que derrotou a candidata do governo María Patricia Balanta por uma diferença de 62 a 41, com o argumento de que uma maioria favorável ao governo no Tribunal Constitucional poderia abrir as portas para uma reforma da Constituição para reativar a reeleição presidencial.
Bogotá, 3 de setembro (EFE) – O Senado colombiano elegeu o ex-ombudsman Carlos Camargo Assis como o novo juiz do Tribunal Constitucional na quarta-feira, em uma votação que se transformou em um confronto entre o governo e a oposição, com esta última saindo vitoriosa.
De acordo com a Comissão Escrutadora, Camargo Assis – que foi defensor do povo entre 2020 e 2024 – obteve 62 votos e a jurista María Patricia Balanta, que chegou com o apoio do governo de Gustavo Petro, alcançou 41 votos.
O resultado, que foi maior que o esperado em favor de Camargo Assis, representa uma derrota para o governo Petro, já que vários de seus ministros se mobilizaram para tentar convencer os senadores a apoiar Balanta.
A oposição, por sua vez, impulsionou a candidatura de Camargo Assis, argumentando que uma vitória de Balanta daria a Petro a maioria no Tribunal Constitucional e poderia inclinar a balança a seu favor caso o governo promovesse uma reforma constitucional para reativar a reeleição presidencial.
A campanha de Camargo Assis foi liderada pelo ex-vice-presidente Germán Vargas Lleras, que em coluna publicada domingo no jornal El Tiempo afirmou que uma vitória do candidato do governo teria “consequências gravíssimas” para o país.
“Tudo pode acontecer, desde a modificação do calendário eleitoral até a violação do nosso sistema democrático. O primeiro a saber disso é o próprio governo”, escreveu Vargas Lleras, acrescentando que os ministros de Petro que se mobilizaram para apoiar Balanta “sabem que tudo está em jogo e não estão dispostos a ceder nem o menor espaço”.
Após sua eleição, Camargo Assis procurou transmitir uma mensagem de imparcialidade em suas primeiras declarações à imprensa.
“A Colômbia pode confiar que encontrará em mim um juiz consciente de seus deveres, respeitoso das instituições e determinado a garantir que o Tribunal continue sendo um farol de equilíbrio democrático”, disse ele.
Embora o advogado Jaime Tobar também tenha sido incluído na lista final enviada pelo Supremo Tribunal Federal ao Senado para substituir o ministro José Fernando Reyes, a disputa se concentrou em Camargo Assis e Balanta.
Camargo Assis é advogado, com mestrado e doutorado em Direito pela Universidade Sergio Arboleda, onde também lecionou.Foi defensor do povo e magistrado do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Descontentamento no Governo
O partido de oposição Centro Democrático, assim como setores do Partido Conservador, parabenizaram Camargo Assis pela eleição.
“A eleição de Carlos Camargo como juiz do Tribunal Constitucional é um triunfo do institucionalismo. Em meio à ameaça populista de um governo que busca subjugar a justiça aos seus próprios interesses, esta decisão deve servir para fortalecer a independência judicial e proteger o Estado de Direito”, escreveu a senadora María Fernanda Cabal, candidata presidencial pelo partido Centro Democrático, nas redes sociais.
La elección de Carlos Camargo como magistrado de la Corte Constitucional es un triunfo de la institucionalidad. En medio de la amenaza populista de un gobierno que pretende someter la justicia a sus intereses, esta decisión debe servir para fortalecer la independencia judicial y… pic.twitter.com/nKav7nrthY
— María Fernanda Cabal (@MariaFdaCabal) September 3, 2025
Por sua vez, a senadora Marta Peralta Epieyú, da coalizão governista Pacto Histórico, reconheceu que o governo sofreu “uma surra” porque pensou que a votação seria mais apertada, “mas algo está errado aqui e alguém também não está dizendo a verdade dentro do partido do governo”, disse ela.
“Parabéns a Carlos Camargo por sua campanha e sua eleição como novo juiz do Tribunal Constitucional. Confiamos que ele será um fiel guardião da Constituição. Sucesso”, escreveu o Ministro do Interior, Armando Benedetti, no X.
O Tribunal Constitucional, que protege a Constituição, é composto por nove juízes com mandatos individuais de oito anos, sem reeleição.
Suas funções incluem decidir sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de leis, decretos, reformas e tratados, além de proteger direitos fundamentais.
Portanto, o Tribunal é crucial, pois é este tribunal superior que deve decidir se questões promovidas pelo governo, como a reforma da previdência e a agitação interna na região do Catatumbo, entre outras, são constitucionais.