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Delírios de Petro na ONU: pediu o impeachment de Trump, defendeu a narrativa de Maduro e traficantes de drogas

“Qualquer argumento de Petro perde toda a legitimidade ao negar o óbvio, que é a existência do Cartel dos Sóis”, afirma o analista político Jorge Enrique Gómez Pardo em entrevista ao PanAm Post sobre a intervenção do presidente colombiano na Assembleia Geral da ONU, cujas palavras, segundo ele, não recebem muita importância na Casa Branca. “Que ele diga o que quiser. Eles não se importam, desde que não se materializem em ações concretas contra seus interesses.”

O último discurso de Gustavo Petro na Assembleia Geral da ONU foi mais delirante do que os três anteriores. Embora o presidente colombiano também tenha abordado questões que dominaram seus discursos anteriores, como mudanças climáticas, descarbonização e o conflito na Faixa de Gaza, ele dedicou suas observações desta terça-feira a atacar o presidente dos EUA, Donald Trump, e a defender a posição do regime de Nicolás Maduro em relação à mobilização do Pentágono no Caribe para combater o narcotráfico, com foco na Venezuela.

Sem considerar as consequências para a Colômbia, Petro solicitou à ONU “processos criminais” contra autoridades americanas envolvidas no naufrágio de navios de drogas no Caribe, “mesmo que incluam o mais alto funcionário que deu a ordem, o presidente Trump”, a quem ele ousou comparar a Hitler, no contexto de suas habituais referências ao nazismo. Essa insinuação veio após afirmar que “os jovens mortos com mísseis no Caribe não eram do Trem Aragua”, considerando a possibilidade de colombianos estarem entre os mortos, o que lhe permitiria solicitar o referido julgamento contra o presidente americano.

“É mentira que o Trem Aragua seja terrorista. São apenas criminosos comuns em forma de gangue, instigados pela ideia estúpida de bloquear a Venezuela e confiscar seu petróleo pesado e já venenoso”, insistiu Petro na Assembleia Geral da ONU. Mas não contente em desafiar o presidente Donald Trump e defender a posição de Nicolás Maduro neste conflito, Gustavo Petro também se manifestou em nome dos traficantes de drogas no Caribe, argumentando que “aqueles jovens em um barco como aquele transportando carga ilícita não eram traficantes de drogas. Eram simplesmente jovens pobres da América Latina que não tinham outra opção”.

Desclassificação: atribuída à falta de vontade política e à ineficácia de Petro

A retórica agressiva de Petro contra Trump tem um motivo: a recente descredenciação da Colômbia em sua luta contra o narcotráfico pelos EUA. Para analisar esse contexto, o PanAm Post conversou com o analista político Jorge Enrique Gómez Pardo, que primeiro sugeriu fazer a distinção pertinente entre Petro e Colômbia, considerando que a declaração do Departamento de Estado esclarece que “a culpa recaiu sobre a liderança política de Gustavo Petro”.

Nesse sentido, ele considera a decisão de Washington apropriada. “Fazer algo diferente teria recompensado a ineficácia e a falta de vontade política de Petro, o que resulta em ineficácia”, afirma, destacando como o relatório mantém o apoio às forças de segurança e deixa a porta aberta para a retomada do trabalho conjunto em um novo governo.

As diferenças marcantes entre Petro e Maduro para os EUA

Apesar da posição comprometedora em que Petro está colocando o país com seu apoio a Maduro em meio à mobilização americana no Caribe, Gómez Pardo acredita que a Casa Branca não dá muita importância às palavras do presidente colombiano e aponta as diferenças no tratamento dado a ele em relação ao seu aliado venezuelano. “Eles vão presumir que ele continuará com suas ideias malucas, dizendo as coisas que gosta de dizer. Ele tem apenas um ano pela frente. Basicamente, ele pode dizer o que quiser. Eles não se importam, desde que isso não se materialize em ações concretas contra seus interesses. E eu não acho que Petro ousaria.”

O analista político enfatiza que “qualquer argumento de Petro perde toda a legitimidade ao negar o óbvio, que é a existência do Cartel dos Sóis”. O que Petro disse nesta terça-feira na ONU não é nenhuma surpresa. “Petro gosta de polemizar, esfregar sal na ferida, ir à ONU para dizer coisas fortes e retrucar, etc. Mas ele sabe que sua pele não está em jogo; ele vai terminar seu mandato. Ninguém se interessou por ele não terminar seu mandato. Mas Maduro sabe que sua própria liberdade está em jogo; eles vão atrás dele, não vão atrás de Petro.”

Cenários eleitorais e a impunidade da JEP

Nesta entrevista, o analista político Jorge Enrique Gómez Pardo também traça alguns cenários nos diversos espaços políticos tendo em vista as eleições presidenciais do próximo ano e questiona as sentenças frouxas da Jurisdição Especial para a Paz (JEP), que ele considera um “tribunal ilegítimo” porque “é fruto do roubo do plebiscito (2016)”, e também “está dando total impunidade aos piores violadores de direitos humanos que a Colômbia já teve, que também são narcotraficantes”.

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