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Debate mais tenso do que o habitual entre Jara e Kast onze dias antes do segundo turno das eleições

A comunista Jeannette Jara e o republicano José Antonio Kast se enfrentaram nesta quarta-feira no penúltimo debate presidencial, antes do segundo turno, que será realizado em 14 de dezembro.

A candidata comunista Jeannette Jara e o candidato republicano José Antonio Kast realizaram um debate presidencial na manhã de quarta-feira que foi mais tenso do que o habitual, no qual trocaram duras críticas sobre a política de imigração, a economia e a governança, onze dias antes do segundo turno das eleições no Chile.

Este é o penúltimo debate entre os candidatos antes de se enfrentarem nas eleições de 14 de dezembro para escolher o sucessor do esquerdista Gabriel Boric, que não pode concorrer à reeleição e deixará o cargo em março próximo.

A ex-ministra de Boric começou listando as reformas aprovadas durante seu mandato à frente do Ministério do Trabalho, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas, o aumento do salário mínimo e a reforma da previdência, e disse a Kast que “não se governa com críticas, mas com propostas”.

“Você esteve no Congresso por 16 anos e não aprovou nenhuma lei relevante”, repreendeu Jara o candidato conservador, que foi deputado por quatro mandatos pela União Democrática Independente (UDI), até deixá-la para fundar seu próprio partido político, o Partido Republicano, com o qual concorre à Presidência pela terceira vez.

No entanto, Jara evitou mencionar no debate com Kast o fato de que o desemprego aumentou durante seu mandato como Ministra do Trabalho. Mas não é só isso. Apesar de se apresentar como feminista, as mulheres foram as mais afetadas. Os números não mentem. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a taxa de desemprego subiu de 7,8% para 8,9% sob o governo Jara, mas para as mulheres chegou a 10,1%.

“Não há nada pior para os cidadãos do que um governo ineficiente e incapaz (…) O Chile hoje é um país mais violento, hoje o Chile é mais pobre do que quando o receberam”, respondeu Kast, de 59 anos.

Acusações cruzadas

Um dos momentos mais tensos do debate foi quando Jara, representando a coligação de esquerda, questionou Kast por ter incluído na sua equipe um economista ligado a vários casos de conluio empresarial para fixar preços.

“Ele tem meu total apoio (o economista José Quiroz)”, respondeu o advogado conservador, que acusou a administradora pública de proteger um abusador, referindo-se a um suposto estupro de uma funcionária por um ex-subsecretário, no qual o Executivo foi acusado de pedir sua renúncia tardiamente.

Também houve momentos de tensão em relação à migração, quando Kast foi questionado repetidamente por jornalistas e não conseguiu explicar como cumpriria sua promessa de expulsar os aproximadamente 340 mil migrantes irregulares que vivem no Chile, muitos deles da Venezuela, país com o qual não mantém relações.

“Só quero lembrar a eles (os imigrantes indocumentados) que têm 90 dias — antes de ele assumir o cargo — para arrumar suas coisas, vendê-las e deixar o Chile”, disse Kast, que baseou sua campanha em migração e segurança e citou o presidente salvadorenho Nayib Bukele como exemplo : “Todos os chilenos hoje votariam em Bukele.”

“O candidato Kast, para não perder um único voto, é incapaz de se posicionar sobre qualquer assunto”, respondeu Jara, referindo-se à estratégia que Kast adotou nesta campanha, na qual se concentra em segurança e migração.

Apesar de ter vencido o primeiro turno em 16 de novembro, com 26,9% dos votos, Jara tem poucas chances de vencer o segundo turno, de acordo com todas as pesquisas.

Kast, por outro lado, ficou em segundo lugar com 23,9% dos votos, mas já recebeu o apoio do libertário Johannes Kaiser e da ex-prefeita Evelyn Matthei, representante do tradicional centro-direita, sendo que os três somam mais de 50%.

O presidente eleito terá que lidar, a partir de 11 de março, com um legislativo sem maioria, onde o bloco de direita está a dois deputados de alcançar os 50% necessários para governar o Congresso, e onde os votos do Partido Popular populista – do candidato Franco Parisi, que ficou em terceiro lugar e defendeu votos nulos ou em branco – serão cruciais.

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