Se os EUA proibissem empresas como Microsoft, Google ou Amazon de fornecer serviços ao Supremo Tribunal Federal, o sistema judiciário brasileiro poderia enfrentar paralisia operacional.

Em setembro de 2024, alertei que Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), corria o risco de ser sancionado pelos Estados Unidos devido a decisões judiciais percebidas como atentados à liberdade de expressão. Na época, observei que ele poderia acabar na mesma lista de figuras como Nicolás Maduro ou Diosdado Cabello, enfrentando medidas semelhantes às aplicadas a violadores de direitos humanos na Venezuela. Nove meses depois, em junho de 2025, essa possibilidade se tornou mais tangível, disparando o alarme no país sobre suas potenciais consequências.

Em 21 de maio de 2025, durante uma audiência no Congresso dos EUA, o senador Marco Rubio confirmou que seu governo estava considerando sancionar Moraes com base na Lei Magnitsky Global, que permite a punição de estrangeiros por graves violações de direitos humanos, como censura e perseguição política. Embora nenhuma sanção tenha sido formalizada, Rubio afirmou que havia uma “forte possibilidade” de que elas fossem implementadas, intensificando assim o debate sobre o papel da Suprema Corte. As medidas promovidas por Moraes para “combater a desinformação”, como a suspensão de contas e o bloqueio de conteúdo digital, têm sido questionadas por sua falta de transparência e proporcionalidade, gerando críticas tanto no país quanto no exterior.

Se os EUA decidissem proibir empresas como Microsoft, Google ou Amazon de prestar serviços ao Supremo Tribunal Federal, o sistema judiciário brasileiro poderia enfrentar paralisia operacional. Muitos de seus sistemas dependem de tecnologia americana, e sua interrupção o forçaria a adotar soluções precárias ou a recorrer a métodos analógicos, retardando os processos judiciais e projetando uma imagem de fragilidade institucional. Esse cenário não afetaria apenas o Supremo Tribunal Federal , mas também enfraqueceria a posição do Brasil como potência regional.

Sob a chamada “ditadura da toga” e o governo Lula da Silva, o Brasil está resvalando para um modelo mais autoritário, gerando maior instabilidade na região. Em governos anteriores, o país foi um ator fundamental na mediação de conflitos e na promoção de agendas multilaterais. Hoje, sua influência está diluída, pois prioriza políticas internas, como a censura digital, que o isolam do cenário global. A ameaça de sanções só agrava essa percepção: um Brasil com seu sistema judiciário em crise e isolamento tecnológico perde sua capacidade de liderança regional e projeção internacional.

Essa situação representa uma contradição para uma potência que historicamente aspirou à liderança regional. Enquanto países como Argentina e Panamá avançam na consolidação de seus sistemas políticos e econômicos, e outros como Venezuela e Nicarágua aprofundam seu isolamento autoritário, o Brasil parece preso em um limbo. O governo Lula, que prometeu um “reposicionamento” internacional por meio do diálogo, enfraqueceu a imagem do país ao não antecipar as repercussões externas de suas decisões internas. Um Brasil sancionado enfrentaria um retrocesso tecnológico e diplomático, cedendo espaço a outras nações que, com menos recursos, alcançaram maior destaque no cenário regional.

O Brasil está disposto a sacrificar figuras do Supremo Tribunal Federal para preservar a estabilidade nacional? A censura, defendida pelo partido governista como ferramenta contra a desinformação, não pode ser implementada às custas dos direitos fundamentais ou do prestígio internacional do país. Não há sinais, por parte de Lula ou do Supremo Tribunal Federal, de qualquer mudança em sua postura. Pelo contrário, parecem focados em sustentá-las e administrar suas consequências. Isso poderia torná-los atores irrelevantes no contexto regional? Como um potencial governo de direita lidaria com esse cenário, como aliado dos EUA, mas em conflito direto com o Supremo Tribunal Federal?

O STF manteve sua posição firme sobre a inabilitação de Jair Bolsonaro, e tudo indica que poderá endurecer sua posição em relação a Eduardo Bolsonaro. Este último, atualmente exilado após denunciar perseguição política, tem sido uma figura-chave na pressão por sanções americanas. Ele declarou recentemente que não descarta uma candidatura presidencial em 2026. No entanto, se o STF não cedeu a seu pai, por que o faria com ele? Estariam os setores mais radicais do STF, liderados por Alexandre de Moraes, dispostos a permitir a volta de um Bolsonaro ao poder? Ou essa situação forçaria um cenário de consenso que colocasse um centrista no comando?