O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou sua intenção de impor “tarifas secundárias de cerca de 100%” à Rússia se um acordo de paz não for alcançado nos próximos 50 dias, e anunciou o envio de armas para Kiev, incluindo os sofisticados sistemas antimísseis Patriot solicitados por Zelensky, embora tenha esclarecido que o custo será arcado pelos aliados europeus.
Washington, 14 de julho (EFE).- O presidente dos EUA, Donald Trump, aumentou a pressão sobre seu homólogo russo, Vladimir Putin, nesta segunda-feira, ameaçando impor “tarifas muito severas” se um acordo de paz com a Ucrânia não for alcançado em 50 dias e confirmando o envio de novas armas para Kiev.
A aparente mudança de posição do presidente republicano ocorreu durante uma reunião na Casa Branca com o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, após vários dias de crescente frustração com Putin por sua recusa em interromper o bombardeio do território ucraniano.
“Uma das razões pelas quais você (Rutte) está aqui hoje é porque estou muito insatisfeito com a Rússia”, disse Trump no início da reunião no Salão Oval.
Ele então anunciou sua intenção de impor “tarifas secundárias de cerca de 100%” à Rússia se um acordo de paz não for alcançado nos próximos 50 dias.
Um funcionário da Casa Branca esclareceu à CNN que, quando o presidente se referiu a “tarifas secundárias”, ele quis dizer uma tarifa de 100% sobre a Rússia e sanções secundárias para aqueles que compram petróleo russo.
Tarifas secundárias são impostas a terceiros países ou entidades que comercializam com uma nação sancionada, neste caso a Rússia, que já sofreu severas restrições financeiras impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia desde a invasão da Ucrânia em 2022.
Em abril, ao anunciar uma série de tarifas globais, Trump excluiu a Rússia da guerra comercial, argumentando que o país já enfrentava diversas barreiras impostas pelo Ocidente.
Trump, que assumiu o cargo em janeiro prometendo acabar com a guerra em um único dia, disse que chegou perto de chegar a um acordo em pelo menos quatro ocasiões nos últimos meses, embora nenhuma tenha se concretizado.
“Se eu fosse Vladimir Putin, levaria as negociações sobre a Ucrânia mais a sério depois do anúncio de hoje”, comentou Rutte.
O ponto de virada crucial no relacionamento de Trump com Putin ocorreu em 3 de julho, durante um telefonema no qual o presidente russo disse a Trump que não abandonaria seus objetivos na Ucrânia.
Essa conversa enfureceu o presidente dos EUA, que desde então repetiu que está “muito descontente” com o líder do Kremlin.
Armas para a Ucrânia pagas pela Europa
Durante o encontro com Rutte, Trump também anunciou o envio de armas para a Ucrânia, incluindo os sofisticados sistemas antimísseis Patriot solicitados pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, cujo custo será arcado pelos aliados europeus, não pelos Estados Unidos.
“Hoje chegamos a um acordo: enviaremos armas a eles, e eles pagarão por elas. Nós, os Estados Unidos, não faremos nenhum pagamento. Não as compraremos, mas as fabricaremos, e eles pagarão por elas”, explicou Trump.
O presidente também indicou que o acordo “inclui mísseis e munições”, sugerindo que poderia envolver armas ofensivas, em vez de apenas defensivas, como se especulava até agora.
Na semana passada, Trump anunciou que retomaria os envios de armas para as forças ucranianas, depois que o Pentágono decidiu suspender temporariamente as entregas para revisar seus estoques.
Ao vender armas para países europeus, em vez de transferi-las para a Ucrânia, Trump está tentando combater possíveis críticas por quebrar sua promessa de campanha de reduzir o papel de seu país na guerra.
Rutte, que se referiu a Trump como “papai” na última cúpula da OTAN, considerou o anúncio dos EUA “muito importante” e argumentou que é “completamente lógico” que os países europeus financiem os embarques.
Naquela cúpula, realizada em Haia, na Holanda, os Estados Unidos chegaram a um acordo exigindo que os aliados destinassem pelo menos 5% de seu produto interno bruto (PIB) à defesa, com alguma flexibilidade para a Espanha.
No domingo, Trump criticou à imprensa o fato de Putin sempre dizer “coisas boas” a ele, mas depois “à noite ele bombardeia pessoas na Ucrânia”.
Apesar do tom mais duro, o líder americano se recusou a chamar seu colega russo de “assassino” na segunda-feira.
“Não quero dizer que ele seja um assassino, mas ele é um cara durão. Isso foi provado ao longo dos anos”, declarou, culpando novamente seu antecessor, Joe Biden, pela guerra e afirmando que seu governo não tem nada a ver com o conflito e busca apenas encerrá-lo.
“Ele enganou Clinton, Bush, Obama, Biden; ele não me enganou”, disse Trump sobre Putin.