Ao ingressar na Assembleia Nacional, Pérez-Oliva Fraga cumpre os requisitos necessários — indicados na Constituição — para ser nomeado presidente da ilha num futuro próximo.
O nome Óscar Pérez-Oliva Fraga vem ganhando notoriedade nos últimos dias devido à sua nomeação como membro do Parlamento cubano. Ele assumiu o cargo após a duvidosa “renúncia” de vários deputados. No entanto, o mais surpreendente é que Pérez-Oliva não é um funcionário público qualquer, mas sim sobrinho do falecido ditador Fidel Castro. Ele galgou todos os degraus da carreira política, de cargos em empresas estatais até sua nomeação — em outubro deste ano — como Vice-Primeiro-Ministro da República.
Esteban Lazo, presidente do Parlamento, fez o anúncio no mesmo dia em que novos deputados foram nomeados. Em outras palavras, Pérez-Oliva foi escolhido a dedo, como é típico em regimes autoritários. O povo cubano não tem a oportunidade de propor ou eleger seus representantes para o Parlamento, pois os candidatos são selecionados por Comissões de Nomeação, compostas por organizações oficiais ligadas ao Estado, como sindicatos. É um sistema que garante a presença de funcionários obedientes à ditadura e inclui o Partido Comunista de Cuba (PCC) como o único partido político autorizado a participar das eleições.
Ao ingressar na Assembleia Nacional, Pérez-Oliva Fraga cumpre os requisitos necessários — estipulados na Constituição — para ser nomeado Presidente da ilha. Diversos analistas interpretam essa manobra como “uma operação calculada de continuidade dinástica e lealdade à estrutura de poder”, como mencionado em um artigo do site de notícias 14yMedio. Igualmente importante é o fato de seus laços familiares servirem também como garantia de que ele dará continuidade a todas as políticas estabelecidas por seus antecessores.
Renúncias estranhas no Parlamento
Óscar Pérez-Oliva Fraga foi nomeado deputado na mesma sessão em que foram anunciadas as renúncias de vários parlamentares, incluindo a de Homero Acosta Álvarez, que também era secretário da Assembleia Nacional. Ulises Guilarte de Nacimiento e Ricardo Rodríguez González também estavam entre os que renunciaram. Esteban Lazo, presidente do Parlamento, anunciou a nomeação do sobrinho de Fidel Castro como deputado nessa mesma sessão, mas os motivos dessas saídas são desconhecidos.
Para complicar ainda mais as coisas, Miguel Díaz-Canel apresentou à sessão plenária a proposta de “liberar” Rubén Remigio Ferro da presidência do Supremo Tribunal Popular, após 27 anos no cargo. A hipótese de que se trate de uma purga nos moldes da China ou da Nicarágua não pode ser descartada, pois reúne as características que definem esse tipo de manobra: opacidade, falta de detalhes sobre os motivos das renúncias e ausência de uma explicação pública verificável.
No caso de Remigio Ferro, veio à tona o estilo de vida extravagante e luxuoso de seu filho, Rubén Remigio. Postagens nas redes sociais revelam seu gosto por marcas renomadas, como Louis Vuitton, e por viagens ao redor do mundo. Esse estilo de vida contrasta fortemente com a grave crise enfrentada pelos cubanos comuns, que sofrem com apagões constantes em grande parte do país, além da escassez de alimentos, medicamentos e combustível. O regime tenta projetar uma imagem de austeridade enquanto seus líderes desfrutam de privilégios caros ou importam produtos dos Estados Unidos, país que ironicamente culpam pelo “bloqueio”.
Raúl Castro acompanhou a nomeação do sobrinho por videoconferência, possivelmente devido a problemas de saúde. Esse laço sanguíneo decorre do fato de Pérez-Oliva Fraga ser filho de Mirsa Fraga Castro e neto de Ángela Castro, irmã de Mirsa e Fidel Castro. Dessa forma, o regime cubano pavimenta o caminho para a sua continuidade no poder após seis décadas no governo e uma conjuntura econômica que empobrece cada vez mais a população.
