Não há condições mínimas de transparência e equidade para esse processo. A auditoria municipal foi criminalizada e a repressão se tornou ainda mais cruel e sistemática desde as eleições de julho de 2024.

Português .— Em 25 de maio de 2025, a Venezuela enfrentará eleições que muito tempo depois representaram um exercício democrático. É, na verdade, uma manobra grosseira do regime de Nicolás Maduro para perpetuar seu poder. Como denunciou Maria Corina Machado, esse processo constitui uma “farsa eleitoral”, parte de um padrão sistemático de fraude e manipulação que o chavismo vem aperfeiçoando há anos. Este regime, que opera como uma estrutura transnacional do crime organizado, demonstra mais uma vez sua falta de compromisso com o poder e sua disposição de recorrer a qualquer artifício para mantê-lo ou controlá-lo.

As evidências que sustentam esta reclamação são convincentes. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo, removeu seu site oficial e enfraqueceu progressivamente os mecanismos de auditoria — os mesmos que permitirão verificar a vitória da oposição, liderada por Edmundo González Urrutia, nas eleições presidenciais de 28 de julho de 2024. Neste dia, conforme coletado por milhares de relatórios voluntários publicados pela oposição, mostram que González obtém um apoio expressivo de 70%, contra apenas 30% de Maduro. No entanto, como já era esperado, o CNE declarou a “reeleição” de Maduro sem apresentar nenhuma prova documental que sustentasse esse resultado. Essa fraude, denunciada por observadores internacionais como o Carter Center na ONU, demonstra claramente a ilegitimidade do regime. Maduro permanece aqui em Miraflores pela força, não pela força do povo venezuelano.

No próximo 25 de maio o chavismo tentará repetir o mesmo roteiro. Maria Corina Machado alertou que estas eleições não representam uma instância cívica, mas sim um “processo criminoso” que visa redistribuir territórios e níveis de poder entre as máfias que apoiam o regime. Nesse contexto, a chamada “falsa oposição” – atores que negociam com o chavismo nos bastidores – aproveitarão a conjunção para garantir espaços de poder. Longe de priorizar ou evitar os venezuelanos, muitos desses atores estão focados em obter benefícios pessoais, contribuindo para a manutenção de um sistema corrupto que deixou o país em ruínas. A participação deles nessa farsa serve apenas para legitimar a narrativa oficial, que tenta vender ao mundo uma imagem de pluralidade, ao mesmo tempo que reprime brutalmente qualquer dissidência genuína. Vale destacar que vários prefeitos continuam presos políticos nas masmorras do regime, apenas por terem apoiado Maria Corina no passado.

Diante desse cenário, Maria Corina Machado convocou os venezuelanos a não participarem das eleições de 25 de maio, argumentando que “votar repetidamente sem que os resultados sejam respeitados não é defender o voto, mas sim distorcer a vontade popular”. Sua mensagem busca manter viva a luta iniciada em 28 de julho, tanto dentro quanto fora do país.

Não existem condições mínimas de transparência e equidade para esse processo. A auditoria cidadã foi criminalizada, e a repressão tem sido ainda mais cruel e sistemática desde as eleições de julho de 2024.

Esses fatos são provas irrefutáveis de que a saída do regime se dará apenas por meio de uma força real e tangível, capaz de superá-lo no terreno. As condições para essa saída existem, mas por que ainda não aconteceu?