O novo presidente boliviano afirmou que lhes deixaram “um Estado paralisado, um monstro burocrático incapaz de servir ao povo”, com “filas intermináveis” de veículos em busca de combustível.
La Paz, 8 de novembro (EFE).- O presidente da Bolívia, Rodrigo Paz Pereira, afirmou neste sábado que o país está “devastado” pela crise e que o governo anterior deixou uma “economia arruinada”, com escassez, inflação e dívida, em seu discurso após ser empossado como o novo mandatário do país sul-americano.
“O país que herdamos está devastado; deixaram-nos com uma economia em ruínas, com as menores reservas internacionais em 30 anos, com inflação, escassez, dívidas e desconfiança”, disse Paz aos parlamentares e às delegações nacionais e internacionais convidadas para sua posse.
O novo presidente boliviano afirmou que lhes deixaram “um Estado paralisado, um monstro burocrático incapaz de servir ao povo”, com “filas intermináveis” de veículos em busca de combustível, “mercados vazios, salários insuficientes”, aludindo à crise econômica que o país atravessa.
Ele também destacou que os governantes que estão deixando o poder “deixam uma nação cansada, dividida, endividada moral e materialmente”, com um déficit alto e empresas públicas “transformadas em espólios políticos”.
“Eles nos deixam a pior crise das últimas quatro décadas (…) Eles nos deixam com uma dívida de 40 bilhões. Eles nos traíram e a traição se paga na Bolívia, porque é o custo que os mais humildes têm que pagar e nós vamos defender os mais humildes”, advertiu.
Segundo Paz, as autoridades cessantes “deixaram buracos financeiros impossíveis de justificar” e “a corrupção tornou-se o sistema e a mentira, a política de Estado”.
“Este é o país que nos deixaram. O que diabos fizeram com tanta prosperidade? Por que há pessoas, famílias que não têm o que comer hoje, se éramos tão ricos com tanto gás e com o lítio como futuro? Vocês vão responder à pátria pela pobreza e necessidade de cada boliviano e cada boliviana”, insistiu.
O presidente afirmou que “se nos deixaram pobres, não temos por que ser pobres” e que “todo presente e futuro é melhor que o passado”.
“Nós somos o presente e o futuro e vamos superar esse passado de desgraça e indignidade que foi gerado para todos os bolivianos”, afirmou.
Paz Pereira, nascido em Santiago de Compostela em 1967 devido ao exílio de seus pais, prestou juramento perante seu vice-presidente, o ex-policial Edmand Lara, e perante os deputados e senadores eleitos nas recentes eleições gerais, que também iniciam neste sábado uma nova legislatura.
O político foi eleito presidente no segundo turno inédito realizado em 19 de outubro, com 54,96% dos votos, contra 45,04% obtidos por seu rival, o ex-presidente conservador Jorge Tuto Quiroga (2001-2002).
A posse de Paz contou com a presença dos presidentes da Argentina, Javier Milei; do Chile, Gabriel Boric; do Equador, Daniel Noboa; do Paraguai, Santiago Peña; e do Uruguai, Yamandú Orsi, além do subsecretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau.
Participaram também a presidente das Cortes Gerais e do Congresso dos Deputados da Espanha, Francina Armengol, e a também espanhola Teresa Ribera, vice-presidente para uma Transição Limpa, Justa e Competitiva da Comissão Europeia e representante da União Europeia (UE) no evento.
