A Marinha dos EUA confirmou nesta terça-feira que seu maior porta-aviões já entrou na área do Comando Sul no Atlântico. Paralelamente, a agência Reuters afirmou, citando fontes internas, que o chavismo está considerando duas estratégias de “resistência prolongada” diante de um eventual ataque. Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Rússia negou ter recebido qualquer pedido de ajuda militar da Venezuela.
Como previsto, com base na rota e velocidade estimadas, o USS Gerald Ford chegou à área do Comando Sul dos EUA no Oceano Atlântico, indicando que estaria no Mar do Caribe, próximo à costa venezuelana, dentro de algumas horas, confirmou a Marinha dos EUA em um comunicado na terça-feira. Essa informação refuta a narrativa falsa divulgada pelo regime chavista nas redes sociais de que Washington teria mudado seus planos, alegando que o porta-aviões – o maior da frota americana – permaneceria na costa do Marrocos. A única opção restante para o regime de Nicolás Maduro é continuar apostando na desescalada do conflito; primeiro, tentando promover uma narrativa que aumente a pressão internacional sobre o presidente Donald Trump e o convença a recuar, e depois recuando para resistir, evitando – por ora – responder a qualquer provocação que justificasse um avanço. Em última análise, a ditadura evitaria o confronto convencional – onde não há possibilidade de sucesso – e, em vez disso, lançaria um plano de “resistência prolongada” no âmbito do que se conhece como “guerra de guerrilha”.


O USS Gerald Ford não está sozinho. Ele é escoltado pelos contratorpedeiros de mísseis guiados USS Bainbridge (DDG-96), USS Mahan (DDG-72) e USS Winston Churchill (DDG-81), bem como pelos contratorpedeiros USS Mitscher (DDG-57) e USS Forrest Sherman (DDG-98). Também o acompanha o navio de logística USNS Supply T-AOE-6, que passou pelo Estreito de Gibraltar alguns dias depois do Gerald Ford para se juntar a ele no Atlântico, na costa do Marrocos. De lá, os navios aumentaram sua velocidade para 28 nós assim que o grupo de ataque CSG12 foi concluído. A nota compartilhada pela Marinha dos EUA acrescenta que até mesmo o USS Bainbridge teria chegado na madrugada desta terça-feira às costas de Porto Rico.
Carrier USS Gerald R. Ford Now in U.S. Southern Command — USNI News https://t.co/k3t27wNWgO pic.twitter.com/X50J6rgD2R
— U.S. Naval Institute (@NavalInstitute) November 11, 2025
Das negociações para licenças de petróleo à chegada do USS Gerald Ford
A chegada do porta-aviões USS Gerald Ford ao Caribe marca o início da segunda fase da operação antidrogas do Pentágono na região, que até agora resultou no afundamento de 20 embarcações e 75 mortes. Embora Donald Trump tenha sugerido a possibilidade de bombardeios terrestres em território venezuelano, visto que esse destacamento começou imediatamente após a designação do Cartel dos Sóis como uma “organização terrorista internacional” e a duplicação da recompensa pela captura de Maduro de US$ 25 milhões para US$ 50 milhões, o presidente americano continua a favorecer uma abordagem dissuasiva, visando criar uma ruptura interna antes de recorrer à ação militar direta.
A verdade é que, no Palácio de Miraflores, há muito tempo deixaram de ignorar os movimentos do chefe da Casa Branca. Maduro acreditava que poderia controlá-lo com diálogos de fachada assim que o enviado especial Richard Grenell entrasse em cena, mas, diante da falta de resultados, Grenell logo foi marginalizado em favor da linha dura do secretário de Estado Marco Rubio. Assim, o ditador venezuelano passou de implorar pelo levantamento das sanções e pela renovação das licenças de petróleo a convocar as milícias para defendê-lo em caso de uma “agressão”, barricando-se em um bunker, como o próprio regime revelou. Portanto, diante da “iminência” de um ataque, como reconhecido pelo Ministério das Relações Exteriores chavista na carta enviada há um mês ao Conselho de Segurança da ONU, começam a surgir planos de “resistência”, planos que fazem sentido com a chegada do porta-aviões USS Gerald Ford.
Duas estratégias de “resistência prolongada”
O regime de Nicolás Maduro estaria considerando duas possíveis estratégias dentro do que chama de “resistência prolongada”, segundo a Reuters, que cita “fontes com conhecimento das operações e documentos de planejamento”. Uma das estratégias envolve “guerra de guerrilha”, mencionada publicamente por autoridades da ditadura chavista, embora sem maiores detalhes. Isso implicaria a ativação de “pequenas unidades militares em mais de 280 locais, realizando atos de sabotagem e outras táticas de guerrilha”, de acordo com as fontes e os documentos de planejamento obtidos pela agência de notícias.
Por outro lado, a informação divulgada pela Reuters nesta terça-feira menciona como segunda estratégia um plano de “anarquismo” – não reconhecido publicamente – que “utilizaria os serviços de inteligência e apoiadores armados do partido governista para criar desordem nas ruas de Caracas e tornar a Venezuela ingovernável para forças estrangeiras”, acrescenta a agência de notícias, citando fontes com conhecimento dos esforços de defesa do regime chavista que, segundo as informações obtidas, essas duas estratégias não seriam mutuamente exclusivas, mas “complementares”.
Sem ajuda militar russa
Partindo de Caracas, tentaram demonstrar um certo grau de capacidade exibindo armamentos e equipamentos de fabricação russa em exercícios militares — a maioria deles com décadas de existência — bem como uma suposta aliança estreita com Moscou, que parece não passar de apoio político. Embora o governo de Vladimir Putin tenha assinado recentemente um tratado de parceria estratégica com a Venezuela e criticado veementemente os ataques dos EUA a navios carregados de drogas no Caribe e no Pacífico, o Kremlin insiste em resolver o conflito por meio de canais diplomáticos e descarta — por ora — qualquer apoio operacional. Isso foi esclarecido na terça-feira pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, que negou ter recebido qualquer pedido de assistência militar de Maduro para confrontar os Estados Unidos.
O regime chavista ficará isolado em um potencial conflito armado? Nada é certo. O que é certo é que as estratégias de resistência consideradas pela ditadura constituem um reconhecimento tácito de sua inferioridade numérica e tecnológica, o que, como relata
a Reuters citando uma fonte próxima a Miraflores, expõe as mínimas chances de sucesso. “Não duraríamos duas horas em uma guerra convencional”, admitem.