Um relatório da organização Hengaw revela que as execuções no Irã em outubro aumentaram 49,5% em comparação com o mesmo mês do ano passado.

Qualquer número referente às execuções mensais realizadas no Irã nas últimas duas décadas ficou pequeno em comparação com as 241 registradas em outubro, elevando o número de casos no país islâmico para mais de mil somente neste ano.

De acordo com um relatório da organização Hengaw, as execuções de outubro representam um aumento de 49,5% em comparação com o mesmo mês do ano passado, que encerrou com 161 casos. Até o momento, a identidade de 235 prisioneiros executados foi confirmada, enquanto a dos seis restantes continua sob investigação.

A extensa lista inclui oito mulheres que foram enforcadas por supostos crimes relacionados a drogas e homicídio. Inclui também outros oito presos políticos, sete dos quais foram condenados à morte sob a acusação de espionagem. No entanto, as Nações Unidas emitiram alertas sobre a falta de devido processo legal nos julgamentos, citando a imposição de acusações vagas, como “corrupção na Terra”, contra dissidentes políticos na República Islâmica, liderada pelo aiatolá Ali Khamenei.

Punição desproporcional

Enquanto organismos internacionais tentam impedir a aplicação da pena de morte no Irã, o regime intensifica seu uso contra a população afegã residente no país. De fato, o número de afegãos executados por ordem judicial triplicou entre 2023 e 2024, passando de 25 para 80 casos.

Essa tendência coincide com a proliferação de retórica racista e xenófoba por parte das autoridades iranianas — que se estende até 2025 — e ocorre em meio a uma onda sem precedentes de expulsões forçadas em massa de pessoas de nacionalidade afegã, afetando inclusive aquelas nascidas no Irã.

O impacto também é sentido de forma desproporcional pelas minorias marginalizadas, especialmente aquelas pertencentes às comunidades afegã, balúchi e curda. Pelo menos duas mulheres curdas, a assistente humanitária Pakhshan Azizi e a dissidente Verisheh Moradi, estão no corredor da morte e correm o risco de serem executadas. Ambas estão presas.

Punições previstas em lei

Os casos de Azizi e Moradi comprovam que as prisões no Irã são locais de assassinatos em massa, afirma a Anistia Internacional. A organização destaca que, desde a guerra de doze dias entre o Irã e Israel, em junho, houve um aumento significativo no número de pessoas processadas no país persa sob acusações de espionagem.

Nesse sentido, as estatísticas já apontam para a execução de 15 pessoas por supostas ligações com os serviços secretos israelenses. O número não ficará por aí, após a promulgação, há duas semanas, de uma lei que endurece as penas por espionagem a favor dos Estados Unidos e de Israel e estabelece a pena de morte para atos contra a segurança do país.

Essa repressão com execução do regime iraniano transcende as fronteiras, considerando que a Justiça dos Estados Unidos condenou dois supostos membros da máfia russa a 25 anos de prisão esta semana por terem contratado um assassino para matar a jornalista iraniano-americana Masih Alinejad em sua casa no Brooklyn. Segundo o Ministério Público, a conspiração foi orquestrada a pedido do regime iraniano.