A aurora de 2025 mal havia se anunciado e já se esboçava o epitáfio de uma das mais ruidosas ficções políticas e financeiras do nosso tempo: a quimera verde. Em pleno réveillon da tecnocracia climatista, alguns dos maiores ícones do capitalismo global — Citigroup, Bank of America, JP Morgan, Goldman Sachs, Wells Fargo, Morgan Stanley e, não menos simbolicamente, o leviatã BlackRock — anunciaram sua debandada das alianças internacionais que prometiam redimir o planeta por meio da engenharia financeira das emissões líquidas zero. Um a um, os bastiões do ESG abandonaram a cruzada moralizante da agenda Net Zero como se fugissem de uma seita que já não oferece dividendos — nem simbólicos, nem reais.
Criadas sob o manto de legitimidade conferido por instâncias como a ONU e personagens como Mark Carney e Michael Bloomberg, as coalizões Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), Net Zero Banking Alliance (NZBA) e Net Zero Asset Managers (NZAM) pretendiam ser o braço armado do ambientalismo de planilha. Mas a realidade dos fatos, implacável e inegociável, já não pode mais ser disfarçada por relatórios corporativos adornados com infográficos coloridos e slogans bem-intencionados. A ficção ruiu. E, com ela, ruem os pilares de uma transição energética baseada mais em aspirações ideológicas do que em fundamentos econômicos, técnicos ou geopolíticos.


O artigo recente do Financial Times, espécie de boletim oficial da elite globalista, expõe com desconforto os escombros da fantasia ESG: protecionismo verde em expansão, riscos climáticos impagáveis, colapso logístico da IA sobre redes energéticas frágeis, retrocesso jurídico nos EUA e a temida volta de Donald Trump — o anti-herói que ameaça cortar o suprimento de fé (e fundos) do credo climático. E o mais irônico: o desmonte da agenda ESG não parte de negacionistas marginais ou países do eixo do mal, mas do próprio centro do sistema financeiro global, em cujos cofres a ideologia deixou de render.
A pergunta que paira no ar, como o CO₂ que essas iniciativas pretendiam abolir, é singela: os gestores de ativos continuarão perseguindo a utopia líquida-zero sob outra semântica, ou simplesmente darão as costas ao catecismo verde?
Enquanto o Ocidente liberal busca uma saída honrosa do labirinto ESG que ele mesmo construiu, no sul do mundo — mais precisamente no Brasil — um governo errático insiste em dobrar a aposta num jogo já perdido. A pauta climática, vendida como redenção ecológica, revela-se cada vez mais um dispositivo de controle, chantagem internacional e delírio tecnocrático.
A era do greenwashing financeiro parece ter entrado em sua fase terminal. E como sempre, quando a utopia se desfaz, sobra ao real o ingrato papel de cobrar a conta.