A UNPACU atribui o uso de forças estatais para apreender alimentos humanitários a um novo esquema de assédio contra Ferrer, que desde sua libertação da prisão de Boniato em janeiro, após quatro anos de encarceramento, voltou a apoiar famílias que sofrem com a miséria do regime comunista.
A perseguição de Castro aumenta descontroladamente, intimidando todos em Cuba, até mesmo aqueles que realizam trabalho humanitário para os mais necessitados. Agora, ele ordena operações policiais falsas com policiais à paisana para confiscar alimentos que a União Patriótica de Cuba (UNPACU), uma organização não governamental, entrega à população mais vulnerável da ilha.
As ações escandalosas tomadas pela ditadura de Miguel Díaz-Canel também incluem a prisão de colaboradores da agência e o confisco de seus fundos em dinheiro. É o que denuncia José Daniel Ferrer, líder da UNPACU, por meio de sua conta no Meta. “Eles querem nos impedir de alimentar as pessoas que o regime está matando de fome”, diz ele, ao mesmo tempo em que alerta sobre “ações mais repressivas” contra aqueles que buscam resolver a escassez de alimentos e suprimentos essenciais no país.
Em relação aos eventos em Havana, a UNPACU atribui o uso de forças estatais para apreender alimentos humanitários a uma nova manobra de assédio contra Ferrer, que desde sua libertação da prisão de Boniato em janeiro, após quatro anos de encarceramento, voltou a apoiar famílias que sofrem com a miséria do regime comunista. Policiais sem uniforme oficial chegam à sua casa, localizada no bairro de Altamira, em Santiago de Cuba, que serve de epicentro para a entrega de alimentos a mil cubanos todos os dias, para apreender os suprimentos.


Cerco absoluto
O cerco do regime cubano à UNPACU por causa da entrega de alimentos humanitários é persistente. Díaz-Canel ordenou vigilância na casa de Ferrer. Para isso, ele utilizou a instalação de duas câmeras apontadas para a casa onde mora, a partir de postes de energia elétrica próximos.
Além disso, a ditadura obriga membros do Partido Comunista Cubano (PCC), professores e estudantes da Universidade de Oriente a marcharem constantemente em frente à sede da organização.
No entanto, essa intimidação não se compara ao número de contribuições entregues. Um relatório recente da Prisoners Defenders (PD) revela a distribuição de 14.045 serviços de ajuda humanitária, desde café da manhã, almoço, jantar e assistência médica.
Apesar dos números, o castrismo pune iniciativas que surgem fora de seu controle. Uma reforma no Código Penal estabeleceu pena de prisão de quatro a dez anos para pessoas físicas ou jurídicas que receberem recursos do exterior para financiar atividades “contra o Estado”.
A necessidade de regular tudo é clara. Basta lembrar que nenhum artista da ilha tem o poder de decidir em qual palco ou bar do país caribenho ele pode se apresentar. Todos, desde rappers, trovadores, cantores de bolero, violinistas e guitarristas até coletivos de jazz, mambo, salsa e cha-cha-chá, dependem de licenças emitidas por Díaz-Canel em troca de uma porcentagem dos pagamentos recebidos por seu talento.
Líder destemido
Ferrer não tem medo de perder sua liberdade por liderar operações humanitárias de fornecimento de alimentos. Sua primeira prisão foi em 2003, durante a chamada Primavera Negra, com uma sentença de 25 anos. Depois de cumprir oito anos e cinco meses por dirigir a campanha de assinaturas do Projeto Varela, ele foi libertado em liberdade condicional em 2011.
O exílio também não é uma opção. Nem mesmo diante das manobras do regime que o mandaram de volta para a prisão em 2019, aos 48 anos, com uma pena de quatro anos por participação nos protestos de 11 de julho.