PHVOX – Análises geopolíticas e Formação
Comportamento

Meu Pai é outro

Meu pai sempre me falou: “Não aceite nada de estranhos!”. Cresço. Agora sou independente. Vejo o Estado abraçando a todos como verdadeiros filhos. Querido. Ele paga meu vale, meu projeto, minha faculdade. Meu, meu, meu. Eu digo: “Quem dá mais? Quem dá mais? Vendido!”. Gratidão eterna àquele que é tão bom e cuidadoso comigo, me cerca e me protege: “É muito amor envolvido!”.

Sigo tranquilo, pago impostos gordos por todos os lados. Normal, nenhuma novidade até aqui. Papai está cumprindo o seu papel. Financia tudo que eu pedir se, claro, eu lhe der algo em troca: meus valores. E por consequência, minha inteligência.

Problema… os papéis foram invertidos. É ainda pior quando tudo já está tão bagunçado que eu nasço tendo como única certeza que o Estado é pura e simplesmente meu amigo. Já não é estranho, agora meu pai (biológico) é que é, quando não é inimigo. Se Deus criou a família, matamos Ele (para garantir apagamos a.C. e d.C. dos livros – em 2020 até isso quiseram fazer, acredita?) e daqui a pouco nem saberão mais quem é quem, quem é pai, quem é filho – dizem eles. Cada um corre para um lado, tudo embaralhado, confundido. Está resolvido. Abraçamos nossos filhos.

O resultado é toda essa gratidão deslumbrada e ilimitada ao desconhecido, não reconhece-se mais a face do único Pai genuinamente capaz de realizar milagres. Entre mimados e feridos, muitos podem não perceber o que está intrínseco quando os papéis são invertidos: a ordem já não importa e o primeiro que ajudar mais ganha o título de “melhor amigo” (mesmo sendo intangível, como o Estado, que apenas cumpre seu papel, quando o faz, ou a velha figura política que já virou amigo de infância e “pai dos pobres”). Meu pai é outro.

Pode lhe interessar

As noites escuras na pós-modernidade

Daniel Ferraz
3 de junho de 2022

Máquina de propaganda chinesa pode estar por trás dos tumultos em Los Angeles

PanAm Post
12 de junho de 2025

Cinco eixos fundamentais que Donald Trump atacará em seu novo governo

PanAm Post
20 de janeiro de 2025
Sair da versão mobile