A frequência dos envios de petróleo do regime de Nicolás Maduro para Cuba está cada vez mais irregular, conforme evidenciado pelos relatórios sobre os envios feitos da Venezuela para a ilha, nos quais outubro fechou com uma queda de 80% no fornecimento.
As exportações de petróleo entre o regime de Nicolás Maduro e Cuba mostram um declínio acentuado em 2025. De acordo com dados da PDVSA, em setembro Caracas exportou aproximadamente 52.000 barris por dia (bpd) de petróleo bruto e combustíveis para Havana, o maior volume do ano para esse destino. Em contraste, em outubro, foram registrados apenas cerca de 11.000 bpd de produtos refinados para a ilha. Essa redução abrupta — de 80% ao comparar os dois volumes — pode refletir o fato de Cuba não ocupar mais a prioridade que antes tinha para Miraflores, ou que outras prioridades estratégicas estejam substituindo esse fornecimento.
Será essa redução uma punição de Maduro a Havana? Tudo é possível, especialmente depois que o vice-ministro das Relações Exteriores da ditadura cubana, Carlos Fernández de Cossío, admitiu publicamente que o regime de Miguel Díaz-Canel descarta apoiar Caracas em caso de conflito militar com os Estados Unidos. Se essa mudança de postura se confirmar, a redução do fluxo de petróleo assume uma dimensão mais política do que meramente comercial.
Embora essa posição tenha se tornado pública no final de setembro, a queda nos embarques da PDVSA para seu aliado político já vem se consolidando neste ano. Em janeiro, os embarques giraram em torno de 10.000 barris por dia (bpd) e, em junho, em torno de 8.000 bpd. Esses dois meses representam os números mais críticos, inferiores aos embarques de julho, que chegaram a quase 31.000 bpd, e de agosto, que atingiram 29.000 bpd.


Reflexão de uma crise interna
As estatísticas sobre esses carregamentos de Maduro para Cuba, divulgadas pela Reuters, são corroboradas por outra realidade: as exportações de petróleo da Venezuela caíram 26%, de 1,1 milhão de barris por dia, enquanto as importações de petróleo bruto leve e nafta permanecem robustas em 808.000 barris por dia.
Segundo um relatório da agência, a queda nas importações de diluentes usados na produção de petróleo bruto exportável contribuiu para a redução dos estoques. Especificamente, o relatório revela que as aquisições despencaram para cerca de 41.000 barris por dia em setembro e 73.500 barris por dia em outubro. Ambos os períodos ficaram abaixo dos 105.000 a 110.000 barris por dia registrados nos dois primeiros trimestres do ano, o que reduziu os estoques de diluentes e petróleo bruto misturado da PDVSA.
Para além das variáveis mencionadas, a redução das exportações de petróleo de Maduro para Cuba é atribuída a uma manobra estratégica do chavismo para amenizar as tensões com a administração de Donald Trump.
Frota fantasma para enganar
Diante da necessidade de conter o conflito, Maduro está transportando combustível para a ilha em uma frota fantasma a serviço da estatal petrolífera para esse fim, segundo a Reuters, depois que apenas um navio com bandeira cubana foi detectado chegando em setembro com uma carga de 300 mil barris, de um total de 34 navios que partiram de águas venezuelanas com 808 mil barris por dia de petróleo bruto e derivados, além de cerca de 195 mil toneladas de derivados de petróleo e produtos petroquímicos.
Os navios identificados como Champ e Cape Balder, que navegam sob a bandeira das Comores, constam da lista de embarcações que a PDVSA utiliza para contornar as sanções. Ambos também aparecem em um relatório da Transparência Venezuela, que indica que, dos 110 petroleiros detectados em águas venezuelanas em setembro, 47 operavam irregularmente, enquanto outros 12 estavam sujeitos a sanções dos Estados Unidos, do Reino Unido ou da União Europeia.
Além desse comércio ilícito que mascara corrupção, prejuízos financeiros e danos ambientais, a PDVSA concedeu à Chevron, a maior empresa americana operando na Venezuela, o controle total de seus projetos petrolíferos conjuntos. Fontes confirmam inclusive que negociações estão em andamento para dar à Chevron uma participação em outro importante campo de petróleo.