O governo brasileiro está celebrando o encontro e usa todo o seu aparato de propaganda e comunicação internamente para tirar proveito do assunto.
Há poucos instantes, os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, se reuniram. A encenação foi favorável para ambas as partes: queriam dialogar, coincidiram em sua posição contra os jornalistas e não se atacaram nem em público nem em privado, até onde se sabe.
O presidente Trump afirmou durante o encontro que considera que o Brasil não está envolvido na crise da Venezuela, apesar dos longos anos de relações políticas além das diplomáticas. Inclusive, existe o testemunho de Hugo ‘el Pollo’ Carvajal, que confessou o financiamento ilegal a Lula por parte da tirania chavista. O chanceler Mauro Vieira, após a reunião, disse que o presidente Lula se ofereceu como mediador entre Maduro e Trump para evitar um conflito armado, reforçando que a América do Sul é uma região de paz.
De todo modo, os dois presidentes instruíram suas equipes a se reunir e produzir acordos de curto prazo, segundo comentou o chanceler brasileiro após o encontro. Cabe destacar que não houve nenhuma reação posterior por parte do governo Trump em relação à reunião. A posição dos Estados Unidos foi exposta nas respostas à imprensa dadas pelo próprio presidente.
As expectativas da oposição brasileira eram de que se fortalecesse a pressão contra o governo brasileiro, que aumentassem as sanções e que Lula fosse forçado a ceder diante da anistia dos presos políticos e pôr fim à censura. Mas nada disso aconteceu. Foi um encontro em que não houve humilhações, não foram libertos presos políticos, mas também não foram suspensas sanções nem tarifas.


O governo brasileiro está celebrando o encontro e usa todo o seu aparato de propaganda e comunicação internamente para tirar proveito do assunto. Lembremos que, desde o anúncio do “Tarifaço”, o governo decidiu não responder de forma recíproca a Trump, mas sim lançar uma campanha interna pela soberania, levando adiante o Plano Brasil Soberano e adotando outras medidas para tentar aliviar o efeito negativo. Lula está focado em ser reeleito a qualquer custo e não vai se importar em fazer amizade com o amigo do seu inimigo local para conseguir o que quer.
Nas relações internacionais prevalecem os interesses das elites que governam os países, não os princípios em que acreditam. Portanto, é pouco provável que o governo dos Estados Unidos sancione o presidente do Brasil como fez com Nicolás Maduro ou, recentemente, com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro. De fato, após este encontro, é preciso avaliar o que Lula pode oferecer a Trump para obrigá-lo a suspender o “Tarifaço”, já que, ao que parece, os sancionados pela Lei Magnitsky também não seriam o mais importante para Lula.