Após as fotos recorrentes no apartamento de San Telmo, que geraram tantas críticas na opinião pública, a ex-presidente deverá reduzir consideravelmente o número de visitantes.
Desde que Cristina Kirchner entrou em prisão domiciliar (um benefício que lhe foi concedido por ter mais de 70 anos) em seu apartamento em San Telmo, onde cumpre sua pena, o local se tornou uma espécie de bunker político para o kirchnerismo.
As saudações que ela dava na varanda, os encontros com seus seguidores na calçada e as inúmeras reuniões que a ex-presidente realizou em seu apartamento geraram críticas lógicas: Que tipo de condenação é essa de uma pessoa que, enquanto atua como líder política do peronismo, está fazendo um espetáculo em um imóvel onde líderes e artistas desfilam?
Após o debate esperado, o tribunal ordenou uma limitação dos privilégios de Cristina Kirchner, que anteriormente exigiam apenas que ela notificasse as autoridades sobre as visitas. De agora em diante, ela estará limitada a três visitantes por visita, duas vezes por semana. Isso parece razoável quando comparado ao número limitado de visitas que um prisioneiro pode receber enquanto cumpre pena.


Após a divulgação de uma das muitas fotos controversas, mostrando Cristina Kirchner cercada por um grande grupo de economistas de seu campo político, o tribunal decidiu que ela não pode ignorar a natureza da prisão domiciliar: “A presença simultânea de um grupo tão grande de pessoas excede os termos da autorização necessária”. Na opinião dos juízes, a ex-presidente demonstra “falta de prudência”, além de ignorar deliberadamente “o caráter punitivo da prisão domiciliar”. Vale lembrar que, até recentemente, seus apoiadores insistiam na possibilidade de a prisioneira realizar uma transmissão ao vivo de um evento político a partir de seu apartamento na Rua San José.
Resta saber o que acontecerá com essa propriedade em particular, visto que — também no âmbito do caso Vialidad, pelo qual foi condenada — Kirchner é obrigada a devolver todo o dinheiro que supostamente desviou por meio de corrupção em projetos de obras públicas na província de Santa Cruz. Se a sentença for mantida, a ex-presidente terá que entregar os bens registrados em seu nome, assim como Lázaro Báez, o magnata da construção identificado como testa de ferro de Néstor Kirchner.
Como de costume, Cristina Kirchner recorreu a argumentos políticos para justificar este mais recente revés jurídico, que a impedirá de receber visitas como vinha fazendo até então. Em suas redes sociais, ela afirmou que tudo não passa de uma manobra para evitar discussões sobre o modelo econômico nacional sob a presidência de Javier Milei.
“O que realmente incomodou a mídia, seus patrocinadores econômicos e o governo Milei é que estamos falando de um Modelo Econômico Nacional de crescimento produtivo e federal para o século XXI em uma Argentina que, de 10 de dezembro de 2023 até o presente, sob o governo e as políticas de Milei, continua destruindo empresas e empregos”, argumentou Cristina Kirchner.
A ex-presidente, que foi banida para sempre de ocupar cargos públicos, enfrenta atualmente outro processo de corrupção, também ligado a projetos de obras públicas. No caso dos Cadernos, suas propriedades são identificadas como um dos locais onde milhões de dólares em propinas foram recebidos de empresários favorecidos pelo governo, que também estão sob investigação. Segundo as anotações de um dos motoristas do Ministério do Planejamento, entregas também teriam sido feitas na residência presidencial de Olivos e até mesmo na Casa Rosada (o palácio presidencial).
No es la foto… es la Economía estúpido.
— Cristina Kirchner (@CFKArgentina) November 19, 2025
El bestiario mediático se lanzó una vez más al ataque. ¿El motivo? Una foto mía, en San José 1111, junto a nueve jóvenes economistas que, en representación de más de 80 profesionales, me presentaron consideraciones y propuestas sobre un… pic.twitter.com/taPtEeJAjU