A presidente de esquerda e seu marido, Manuel Zelaya, insistem em uma suposta rebelião em curso contra eles, a 42 dias da transferência de poder, marcada para 27 de janeiro de 2026. Mas o Fórum de Madri alerta que “o objetivo final é desestabilizar a nação para que Castro possa permanecer ilegalmente na presidência por tempo indeterminado”.
Xiomara Castro, a presidente cessante de Honduras, denunciou publicamente as alegadas tentativas de golpe contra ela. Ela afirmou que “está em curso uma agressão com o objetivo de romper a ordem constitucional e democrática”, que incluiria Juan Orlando Hernández, ex-presidente do país. Horas depois, seu marido, Manuel Zelaya, publicou uma mensagem no Twitter descrevendo a presidente como “uma democrata comprovada” e convocando “manifestações pacíficas” em seu apoio.
Longe de respeitar o processo democrático — que implica respeitar a vontade do povo e renunciar ao poder, como estipula a lei —, os alertas emitidos pelo casal Zelaya-Castro parecem ocultar sua intenção de se manter no poder. Em um comunicado nas redes sociais, o Fórum de Madri detalhou que o partido de esquerda Libre “está tentando perpetrar um golpe de Estado para impedir, por meio da violência, a contagem final das eleições realizadas em 30 de novembro”. De fato, nas últimas horas, apoiadores do partido governista Liberdade e Refundação (Libre) instigaram episódios de violência nas ruas.
Este argumento não é isolado. Especialistas concordam, como Gustavo Solórzano, presidente da Ordem dos Advogados de Honduras, que declarou a um veículo de imprensa local que “o golpe está de fato em curso, mas está sendo orquestrado por eles (o partido governista)”. A verdade é que Xiomara Castro tem apenas 42 dias restantes no poder. Sua candidata de esquerda nas eleições de 30 de novembro, Rixi Moncada, mal alcançou o terceiro lugar com 19,29% dos votos, segundo o último boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Em outras palavras, o socialismo em Honduras foi banido, mas aqueles em Tegucigalpa parecem estar rejeitando a decisão dos eleitores.
🚨 #Honduras 🇭🇳 | DERROTA EN LAS URNAS, GOLPE EN LA CALLE
— Foro Madrid (@Foro_MAD) December 16, 2025
El @PartidoLibre de los Zelaya sufrió una derrota histórica. Pese a ello, intenta perpetrar un golpe de Estado para impedir, mediante la violencia, la realización del escrutinio final de las elecciones celebradas el… https://t.co/6YNSZ3d7Ny
Da “fraude” ao “golpe de Estado”, segundo Xiomara Castro
Antes de reiterar sua teoria do golpe, Castro declarou as eleições “nulas e sem efeito”. Observadores internacionais refutaram rapidamente sua alegação. Por exemplo, o chefe da missão da OEA, Eladio Loizaga, afirmou que, embora tenham observado alguns atrasos “e uma notável falta de experiência no projeto, desenvolvimento e implementação das soluções tecnológicas”, acrescentaram que “não observaram qualquer malícia ou manipulação evidente dos materiais eleitorais ou dos sistemas de computador”. O governo dos EUA, sob Donald Trump, concordou com essa análise.
Em outras palavras, em menos de 20 dias, o governo de Xiomara Castro recorreu a duas narrativas para tentar invalidar as eleições de 30 de novembro. Até agora, nenhuma funcionou. Enquanto isso, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) informou que os atrasos na contagem dos votos — cerca de 2.792 registros eleitorais com inconsistências — devem-se à falta de representantes de alguns partidos nas mesas de verificação, bem como a problemas administrativos e tecnológicos. A disputa permanece acirrada entre Nasry “Tito” Asfura, do Partido Nacional, com 40,54% dos votos (1.305.033), e Salvador Nasralla, do Partido Liberal, com 39,20% (1.261.849).
Nesse contexto, Claudia Sheinbaum, presidente do México e aliada de Xiomara Castro, afirmou que seu governo está “atento” às alegações da presidente sobre um suposto golpe de Estado. O aspecto surpreendente é que, enquanto Castro denuncia essa suposta rebelião, como explica o Fórum de Madri, “o objetivo final é desestabilizar a nação para que Xiomara Castro possa permanecer ilegalmente na presidência por tempo indeterminado”.
Isso poderia ser interpretado como a aplicação da teoria da projeção de Freud, segundo a qual atribuímos nossos próprios pensamentos aos outros para evitar confrontá-los. Portanto, a presidente pode estar projetando suas intenções na população, talvez até mesmo em membros de seu próprio partido, a fim de manter-se no poder.
