O índice de criminalidade organizada no Chile vem aumentando constantemente desde 2021. As propostas de segurança dos candidatos à presidência estão agora em disputa.
Se o crime organizado no Chile foi um tema central no primeiro turno da campanha presidencial, será ainda mais no segundo turno, após a confirmação da expansão de organizações criminosas internacionais no país, com o apoio de clãs familiares e gangues locais, para o tráfico de drogas, contrabando de armas, tráfico de pessoas e lavagem de dinheiro.
Nos últimos quatro anos, a situação piorou. É o que revela a publicação mais recente da Global Initiative, organização dedicada a avaliar o problema em todo o mundo. Segundo o relatório, o índice de criminalidade organizada no Chile vem aumentando constantemente desde 2021.
A conclusão deles coincide com a delineada pela Procuradoria-Geral da República, que reconhece a transformação do sequestro de um fenômeno excepcional e isolado para um componente estrutural, após o escândalo da ligação entre oficiais do Exército, da Força Aérea e dos Carabineiros com o narcotráfico e a confirmação de uma quadrilha de narcotraficantes por militares no presídio de Alto Hospício, em Tarapacá.


Boric na mira
A mudança de foco para o governo de Gabriel Boric é inevitável, considerando que o Chile obteve 5,48 no Índice Global de Crime Organizado de 2025, um número que representa 0,3 pontos acima dos 5,18 obtidos em 2023 e supera os 4,6 registrados no início de seu mandato.
Seguindo a tendência do estudo bienal, o país ocupa a oitava posição na América do Sul. Embora seja a mesma posição do relatório anterior, os resultados são desanimadores não só pelo aumento, mas também pelo crescente distanciamento em relação à Argentina, que fechou com 5,25 pontos; Bolívia, com 5,12; Suriname, com 4,9; e Uruguai, com 3,57.
Neste momento, o Chile está numa encruzilhada, posicionado próximo da Colômbia, que obteve 7,82 pontos e é a segunda pior classificada internacionalmente, Equador com 7,48; Paraguai com 7,48; Brasil com 7,07; Venezuela com 6,97; Peru com 6,62 e Guiana com 5,78.
Candidatos sob pressão
Combater esse problema colocará as propostas de segurança da candidata comunista Jeannette Jara em confronto com as do candidato republicano José Antonio Kast, podendo até mesmo forçá-los a detalhar suas próprias propostas. O desafio é convencer os eleitores de sua capacidade de erradicar ou conter o crime organizado.
A proposta de Jara inclui o uso do poder presidencial para mobilizar as Forças Armadas na proteção das fronteiras, bem como a criação de uma Diretoria de Controle de Fronteiras vinculada à Polícia Nacional Chilena (Carabineros). Outra de suas alternativas é a revogação do sigilo bancário.
A segurança é a principal prioridade de Kast. Em sua plataforma para o primeiro turno, ele promete criar uma Política Nacional de Fechamento de Fronteiras para conter a imigração irregular. Isso inclui a instalação de “barreiras físicas em pontos críticos de passagem de fronteira não autorizada e a criminalização da imigração irregular” para fornecer mais ferramentas legais para lidar com a entrada por rotas não autorizadas.
Grupos sem discrição
Os planos serão eficazes? A dimensão do problema exige isso. O documento da Iniciativa Global já aponta que os líderes de gangues, tradicionalmente discretos, agora ostentam seu poder.
Além disso, ela destaca que as mulheres também assumiram papéis de liderança nas estruturas de distribuição de drogas e descreve os funerais de traficantes como “demonstrações simbólicas de domínio criminoso”.
O conteúdo questiona o governo. Segundo a organização, “avaliações governamentais anteriores subestimaram a sofisticação e o crescimento desses grupos, enfraquecendo a resposta do Estado a eles”.