A posição que os líderes europeus reforçam em relação à Ucrânia provavelmente não teria ocorrido se o encontro entre Trump e Zelensky não tivesse acontecido.
O momento tenso vivido na Casa Branca entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o vice-presidente J. D. Vance e o presidente ucraniano, Volodímir Zelensky, continua repercutindo na diplomacia internacional. O que aconteceu no Salão Oval não foi insignificante, e os países europeus sabem disso. Seus líderes se reuniram em Londres sob o lema “Assegurando nosso futuro” para discutir a segurança do continente e buscar uma paz “justa e duradoura” na Ucrânia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, o presidente da França, Emmanuel Macron, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, assim como o próprio Zelensky — entre outros — participaram deste encontro informal em apoio a Kiev, diante da posição assumida por Trump em Washington. Inclusive, discutiu-se como o Reino Unido e a França trabalharão para elaborar “um tratado de cessar-fogo” a ser apresentado aos Estados Unidos.
Um dia antes, Zelensky e Starmer assinaram um acordo de 3,3 bilhões de dólares, respaldado por ativos confiscados da Rússia. O primeiro-ministro britânico afirmou que “a Rússia é a agressora e deve pagar”. Após a cúpula, Ursula von der Leyen declarou: “Precisamos urgentemente rearmar a Europa”. Assim, a postura de Trump na Casa Branca também serviu como um alerta para o continente, que parece ter sentido a necessidade de aumentar seu apoio a Kiev.
Trump “está protegendo a Ucrânia”
A posição reforçada da Europa em relação à Ucrânia provavelmente não teria acontecido se o episódio entre Trump e Zelensky não tivesse ocorrido. O resultado foi que o acordo para a exploração de terras raras não foi assinado devido à retirada do presidente ucraniano. No entanto, no contexto da reunião dos governantes europeus em Londres, Trump voltou a mencionar sua proposta.
Em uma mensagem publicada no Truth Social, ele endossou uma análise de Michael McCune, que afirma que Trump “na verdade está protegendo a Ucrânia sem arrastar os Estados Unidos para a guerra”.
“Ao negociar um acordo sobre minerais, Trump garante que os americanos participem da indústria de mineração da Ucrânia. Isso impede que a Rússia lance uma invasão, pois atacar a Ucrânia significaria colocar vidas americanas em risco, algo que obrigaria os Estados Unidos a reagir.
“Trump jogou com os dois lados como um mestre de xadrez. No final, Zelensky não terá outra opção a não ser ceder, porque, sem o apoio dos Estados Unidos, a Ucrânia não pode vencer uma guerra prolongada contra a Rússia”, diz parte da mensagem.
A frase final do texto insiste em “não subestimar Donald Trump”, pois “nesta partida de xadrez, ele está 10 movimentos à frente de todos”. Isso fortalece a ideia de que suas palavras a Zelensky foram, na verdade, um recado indireto para os países europeus e para a OTAN, incentivando-os a aumentar o apoio à Ucrânia.
Embora os países europeus, em conjunto, tenham contribuído com cerca de 132 bilhões de euros para Kiev, segundo dados do Instituto de Economia Mundial de Kiel, a União Europeia destinou apenas cerca de 49 bilhões de euros. Esse valor é significativamente menor que os 114 bilhões de euros enviados pelos Estados Unidos desde o início da guerra contra a Rússia, em 2022. Em outras palavras, o apoio europeu a Zelensky faz parte de uma disputa geopolítica muito mais complexa.
The summit in London was dedicated to Ukraine and our shared European future.
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) March 2, 2025
We feel strong support for Ukraine, for our people – both soldiers and civilians, and our independence. Together, we are working in Europe to establish a solid foundation for cooperation with the… pic.twitter.com/6CiBZ1HhOA