“Confiamos que não será tomada nenhuma medida que possa levar à desestabilização da situação na região do Caribe e em torno da Venezuela, e que tudo será feito de acordo com o direito internacional”, disse o porta-voz presidencial russo Dmitri Peskov.

Após o Secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, anunciar a Operação Lança do Sul, as primeiras fotos oficiais foram divulgadas mostrando a chegada do porta-aviões USS Gerald Ford, juntamente com seu grupo de ataque CSG12, à área de responsabilidade do Comando Sul. Eles se juntarão à operação de combate ao narcotráfico no Caribe, que o Pentágono vem conduzindo nos últimos três meses. As imagens são mais uma demonstração do poderio militar dos EUA, reafirmando sua presença no Hemisfério Ocidental, enquanto, do outro lado do mundo, a Rússia reage com cautela.

O USS Gerald Ford, um enorme navio de guerra de propulsão nuclear — o maior da frota dos Estados Unidos — chegou acompanhado por pelo menos cinco destróieres e tinha capacidade para acomodar cerca de 75 caças. Na última quinta-feira, antes de entrar nas águas do Caribe, duas aeronaves Grumman C-2A Greyhound, parte do grupo de ataque do Gerald Ford, pousaram em Porto Rico.

Imagens divulgadas pelo Pentágono mostram a chegada do USS Gerald Ford, escoltado pelos destróieres de mísseis guiados da classe Arleigh Burke, USS Mahan (DDG-72), USS Winston S. Churchill (DDG-81) e USS Bainbridge (DDG-96), enquanto no ar é acompanhado por caças F/A-18E/F Super Hornets da Ala Aérea Embarcada Oito (CVW-8); incluindo aeronaves dos Esquadrões de Ataque de Caça 31 (VFA-31), 37 (VFA-37), 87 (VFA-87) e 213 (VFA-213), bem como um bombardeiro estratégico de longo alcance B-52H Stratofortress da Força Aérea dos Estados Unidos, demonstrando a força combinada do grupo designado CSG12.

A Rússia “confia” nas ações que os EUA tomarão

A chegada do porta-aviões USS Gerald Ford e o anúncio da Operação Southern Spear provocaram uma reação imediata da Rússia, que acompanha de perto as ações dos EUA. Nesta sexta-feira, Moscou expressou sua “confiança” de que Washington não tomará nenhuma medida para desestabilizar a situação “em torno da Venezuela” e da região do Caribe, sem emitir quaisquer advertências ou ameaças sobre um possível ataque dos EUA em território venezuelano, como sugeriu o presidente Donald Trump.

“Confiamos que nenhuma ação será tomada que possa levar à desestabilização da situação na região do Caribe e ao redor da Venezuela, e que tudo será feito de acordo com o direito internacional”, disse o porta-voz presidencial Dmitry Peskov em sua coletiva de imprensa diária por telefone.

O regime chavista parece esperar maior apoio de seu aliado Vladimir Putin, especialmente após a entrada em vigor, na quarta-feira, do Acordo de Parceria e Cooperação Estratégica entre a Rússia e a Venezuela. Isso ocorreu após apelos de ambas as casas do Parlamento russo, instando a comunidade internacional a condenar as “ações provocativas dos Estados Unidos” contra a Venezuela, e após a assinatura, por Putin, da lei de ratificação em 27 de outubro. O acordo amplia a assistência mútua entre os dois países em questões políticas e econômicas, incluindo áreas como energia, mineração, transporte e comunicações, além de segurança e combate ao terrorismo e ao extremismo.

Os Estados Unidos estão reivindicando seu território no Oeste

De Caracas, essa parceria tem sido apresentada como um sinal de estreita união que poderia até mesmo incluir assistência militar, caso o regime assim o exija; no entanto, essa é uma opção que, por ora, foi descartada pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, que negou na terça-feira que seu país tenha recebido um pedido de ajuda militar do regime de Nicolás Maduro.

A Operação Lança do Sul é apresentada por Washington não apenas como um destacamento militar para combater o narcotráfico, mas também como uma demonstração de força na região contra outras potências que buscam ganhar terreno na América Latina, como a Rússia e a China. Não é coincidência que o Secretário de Defesa tenha feito uma declaração que constitui uma mensagem clara e direta a seus rivais geopolíticos: “O Hemisfério Ocidental é a vizinhança da América, e nós o protegeremos.”