A designação do Cartel dos Sóis como Organização Terrorista Estrangeira, que entra em vigor nesta segunda-feira e já foi publicada no Registro Federal, ativa uma ferramenta de caráter legal com implicações em matéria de segurança nacional, em meio ao cancelamento de voos para Caracas de pelo menos oito companhias aéreas estrangeiras e anúncios de operações secretas na Venezuela.

Com a publicação no Diário Oficial Federal dos EUA em 24 de novembro de 2025, declarando oficialmente o Cártel de los Soles uma organização terrorista estrangeira, inicia-se uma nova fase na operação lançada há três meses pelo Pentágono no Caribe contra o narcotráfico, com foco na Venezuela. A implementação dessa designação abre caminho para uma maior pressão sobre o regime chavista, indo além dos ataques a cerca de vinte embarcações carregadas de drogas que resultaram na morte de aproximadamente 80 pessoas. Neste fim de semana, Washington intensificou a pressão com novas medidas que vão desde o isolamento do país por via aérea e marítima até o lançamento de operações secretas na Venezuela e movimentos estratégicos no tabuleiro geopolítico para neutralizar o apoio que um de seus principais aliados com poderio militar poderia fornecer a Miraflores.

O próprio presidente dos EUA, Donald Trump, levantou a possibilidade de bombardear o território venezuelano, embora não tenha descartado “discussões” diretas com Nicolás Maduro, que até agora estão paralisadas devido às tentativas da ditadura de enganar a Casa Branca com propostas ilusórias para uma renúncia a longo prazo. Enquanto isso, sites de rastreamento de aeronaves mostram o espaço aéreo venezuelano quase vazio, devido ao alerta aéreo especial para toda a Região de Informação de Voo de Maiquetía, o que levou ao cancelamento de voos programados para os próximos dias por pelo menos oito companhias aéreas estrangeiras. Apenas as companhias aéreas nacionais — aquelas direta ou indiretamente ligadas ao regime — continuam operando normalmente.

O que significa a designação FTO para o Cártel de los Soles?

Embora o Departamento do Tesouro dos EUA já tivesse adicionado o Cártel de los Soles à sua lista de Terroristas Globais Especialmente Designados (SDGT) em julho, essa designação focava em sanções financeiras e congelamento de ativos. Agora, com a designação do Departamento de Estado como Organização Terrorista Estrangeira (FTO), o governo está ativando um instrumento legal com implicações para a segurança nacional, o que abre novas opções nesta fase da operação de combate ao narcotráfico. Essa designação representa o nível mais alto de classificação terrorista, permitindo a aplicação de medidas coercitivas, incluindo ações legais, operacionais e criminais contra os líderes da organização designada, seus aliados e suas operações ilícitas.

A partir desta segunda-feira, o Cártel de los Soles poderá ser alvo de qualquer uma das ações permitidas por esta designação, que já está em vigor. Entre os altos funcionários do regime visados ​​pelas autoridades americanas estão o próprio Nicolás Maduro, por cuja captura o Departamento de Estado oferece uma recompensa de 50 milhões de dólares, o dobro do valor oferecido em julho, tornando-se a maior recompensa já oferecida pelos EUA; também constam da lista o Ministro do Interior da ditadura, Diosdado Cabello, com uma recompensa de 25 milhões de dólares; e o Ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, por quem é oferecida uma recompensa de 15 milhões de dólares.

Ações na Venezuela e negociações no tabuleiro geopolítico

Entre as ações que os Estados Unidos estariam considerando para aumentar a pressão sobre a Venezuela no início desta nova fase da operação no Caribe, está o lançamento de panfletos de aeronaves militares americanas sobre Caracas, oferecendo uma recompensa de US$ 50 milhões pela captura de Maduro, segundo fontes que falaram ao Washington Post. Isso faz parte de uma estratégia destinada a aumentar a paranoia dentro da liderança chavista e provocar uma ruptura interna, embora essa ação ainda não tenha sido autorizada.

Outra manobra de Washington, desta vez no cenário geopolítico global, envolveria o plano de paz proposto por Trump para encerrar a guerra na Ucrânia e suas implicações para a operação na Venezuela. Um acordo no qual Vladimir Putin se sinta vitorioso poderia ser negociado em troca de sua não interferência na Venezuela, como sugere Jennifer Griffin, correspondente-chefe de segurança nacional da Fox News. Mesmo sem considerar essas potenciais implicações para a Venezuela decorrentes do acordo previsto entre Rússia e Ucrânia, o Kremlin não demonstrou nenhuma intenção de oferecer apoio direto a Maduro além de endossos políticos superficiais.