Diante do desespero pelo acesso a recursos, a ditadura cubana também informou nesta terça-feira que começará a promover “ativamente” a participação de “capital estrangeiro” no setor bancário e financeiro. O vice-primeiro-ministro do regime, Oscar Pérez-Oliva, reconheceu publicamente que as “dificuldades financeiras” são “uma realidade”.
Após endurecer as restrições às empresas estrangeiras que ajudam a sustentar a ditadura cubana por meio de suas operações na ilha, o regime agora liderado por Miguel Díaz-Canel iniciou um processo que busca emular em Cuba o programa de “Reforma e Abertura” implementado em 1978 por Deng Xiaoping na China. Esse programa visa dar os primeiros passos para mudar o modelo econômico que permitiu ao gigante asiático se abrir ao investimento estrangeiro, favorecendo o setor privado com uma aparente economia de livre mercado que agora coloca a China em disputa direta com os Estados Unidos pelo título de maior potência mundial. No entanto, essa suposta “flexibilização” cubana vem acompanhada de um reconhecimento explícito do desastre financeiro do país, produto do inevitável colapso do sistema socialista falido, a ponto de exigir que as empresas estrangeiras importem seu próprio combustível.
O regime de Castro fez uma série de anúncios na terça-feira, apresentados como “decisões importantes” com o objetivo de promover o investimento estrangeiro, na Feira Internacional de Havana (FIHAV). Cada medida foi retratada como uma concessão que facilita as operações das empresas. O vice-primeiro-ministro e ministro do Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro, Oscar Pérez-Oliva, foi o responsável por anunciar cada uma das novidades, tentando vender como prerrogativa o direito das empresas estrangeiras e de joint ventures em Cuba de importar seu próprio combustível “quando necessário”.
Essa medida, anunciada como “extraordinária” em resposta a uma suposta eventualidade que se tornou a norma na ilha, apenas serve para destacar a enorme dependência de Cuba em relação à Venezuela. Devido à sua crise interna, a Venezuela foi obrigada a reduzir significativamente as exportações de petróleo para Cuba, agravando assim a escassez de combustível e os prolongados apagões no país submetido a mais de seis décadas de ditadura comunista. Para justificar o anúncio incomum, Pérez-Oliva assegurou que, “na medida do possível”, a principal fonte de combustível para as empresas estrangeiras em Cuba será a rede de postos de gasolina estatais que cobram em dólares.
O comunismo cubano quer “capital estrangeiro”
Outra proposta feita nesta terça-feira às 715 empresas de 52 países – em sua maioria aliados como Rússia, China e Venezuela – que participaram da FIHAV, foi a implementação de “novos modelos de negócios” que incluem “a possibilidade de os investidores utilizarem instalações cubanas subutilizadas” por um “período determinado”, uma vez que estas deverão ser devolvidas ao Estado posteriormente.
Diante da necessidade desesperada de acesso a recursos, a ditadura cubana também anunciou na terça-feira que começará a promover “ativamente” a participação de “capital estrangeiro” no setor bancário e financeiro, em meio a uma forte queda na receita do turismo e um declínio nos ganhos em moeda estrangeira por meio de remessas, após admitir publicamente que as “dificuldades financeiras” são “uma realidade”, segundo Oscar Pérez-Oliva.
Contratação direta para empresas estrangeiras em Cuba
Como parte dessa suposta flexibilidade e abertura em relação às empresas estrangeiras, o regime também prometeu que “em breve” elas poderão começar a contratar seus funcionários diretamente, sem a necessidade de recorrer a um empregador estatal, que é como funciona o processo de contratação atualmente em Cuba.
O vice-primeiro-ministro descreveu o anúncio como uma decisão destinada a proporcionar às empresas estrangeiras “maior flexibilidade” e “reduzir a alta rotatividade” de pessoal, comum em Cuba. No entanto, há menos de uma semana, a ditadura informou às empresas estrangeiras que elas não poderão mais sacar ou transferir seus depósitos em moeda estrangeira mantidos em bancos cubanos, reconhecendo, na prática, o “congelamento bancário” implícito que a ilha vem sofrendo há vários meses. Além disso, Pérez-Oliva não esclareceu quando essas “mudanças” entrariam em vigor, afirmando apenas que seriam implementadas por meio de diversos decretos.
