Todos os cinco países europeus se abstiveram e tanto a França quanto o Reino Unido se recusaram a usar seu direito de veto, que poderiam ter usado votando contra.
Nações Unidas, 24 fev (EFE) – Os Estados Unidos conseguiram nesta tarde que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse uma resolução sobre a guerra na Ucrânia que foi rejeitada pela manhã quando foi submetida à votação na Assembleia Geral, e que não contém sequer uma menção a “invasão” ou “guerra”.
A resolução obteve o apoio de dez países, incluindo a Rússia, a China e os países africanos e asiáticos no Conselho, enquanto os cinco países europeus se abstiveram e a França e o Reino Unido se recusaram a usar seu poder de veto, que poderiam ter usado votando contra.
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A resolução, uma das mais curtas de que se tem memória, menciona um “conflito entre a Ucrânia e a Federação Russa”, “pede um fim rápido para o conflito” e “pede uma paz duradoura”.
A sessão foi precedida por fortes discursos do Reino Unido e da França sobre a necessidade de diferenciar entre agressor e agredido na Ucrânia e a exigência de que a resolução refletisse o respeito à integridade territorial e à soberania da Ucrânia, mas nada disso aconteceu e, quando chegou a hora de pressionar, ambos os países optaram por se abster, assim como o restante da Europa (Dinamarca, Eslovênia e Grécia).
Além disso, houve tentativas tanto dos cinco países quanto da Rússia de introduzir emendas ao texto dos EUA, mas nenhum deles conseguiu os nove votos necessários.
Assim, a derrota dos EUA na Assembleia na manhã de segunda-feira – quando o texto foi “descafeinado” por inúmeras emendas pró-ucranianas – foi de certa forma corrigida pelo que aconteceu à tarde, o que é uma vitória para a nova linha adotada pela administração do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a Ucrânia.
A resolução dos EUA mal teve tempo de ser negociada entre os quinze membros do Conselho de Segurança, pois foi anunciada na noite de sexta-feira e, embora a França e o Reino Unido tenham pedido tempo até terça-feira para negociar outras mudanças, os diplomatas dos EUA recusaram categoricamente.
De qualquer forma, os eventos de segunda-feira, tanto na Assembleia quanto no Conselho de Segurança, expuseram de forma contundente as profundas diferenças entre os Estados Unidos e seus antigos aliados europeus, com os quais já estão em desacordo sobre questões que vão desde tarifas, reivindicações territoriais (Groenlândia) e a interferência política de Washington em vários países europeus.
Em 2022 e 2023, os votos a favor da Ucrânia foram esmagadores, com 141 votos a favor em ambas as ocasiões (de 193 membros da ONU), mas o que aconteceu na segunda-feira mostra que o apoio à Ucrânia está evaporando fora do território da União Europeia, onde também há dissidentes pró-Rússia, como a Hungria.
Não está claro o que a votação de hoje no Conselho de Segurança significará daqui para frente, já que suas resoluções são obrigatórias, ao contrário das da Assembleia, que são meramente simbólicas.