PHVOX – Análises geopolíticas e Formação
Destaque

Brasil suspende exercícios militares com os EUA em seu território: nada de Operação Formosa ou Operação CORE

Alguns setores do governo brasileiro resistiram à presença dos EUA na cidade goiana de Formosa, argumentando que seria inadequado realizar exercícios conjuntos enquanto Washington mantiver sanções comerciais contra o Brasil.

O governo brasileiro anunciou o cancelamento das operações de treinamento conjunto com as Forças Armadas dos EUA, programadas para setembro e outubro no Brasil. A medida afeta duas atividades principais: a Operação Formosa, programada para a região do Planalto Central, e a Operação Core, que ocorreria na região da Caatinga, no nordeste do país.

A decisão foi tomada após reunião entre o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, e os comandantes das Forças Armadas. O cancelamento ocorre quase um mês após o Comando Sul dos EUA suspender um exercício espacial conjunto entre a Força Aérea Brasileira e o Comando Espacial dos EUA, com a presença de convidados.

Dentro das Forças Armadas brasileiras, a incerteza já crescia de forma inequívoca quanto à implementação da Operação Formosa (o maior exercício naval terrestre brasileiro, liderado pelo Corpo de Fuzileiros Navais), que envolve aproximadamente 4.000 militares, 110 veículos e oito helicópteros. Desde 2023, os Estados Unidos têm enviado tropas para o exercício, em uma cooperação crescente. Em 2024, 63 militares americanos participaram, juntamente com 32 chineses. Este ano, os Fuzileiros Navais dos EUA não responderam ao convite, enquanto a China já anunciou sua recusa em participar.

Tropas americanas participam da operação há aproximadamente 10 anos. Anteriormente, atuaram como observadores e fortaleceram sua cooperação há dois anos. Observadores militares da África do Sul, França, Itália, México, Nigéria, Paquistão e República do Congo também participaram da edição anterior.

Alguns setores do próprio governo brasileiro demonstraram resistência ostensiva à presença americana na cidade de Goiás, Formosa, argumentando que seria inapropriado realizar exercícios conjuntos enquanto Washington mantiver sanções comerciais contra o Brasil. Por sua vez, a Marinha também insinuou uma reação negativa ao fortalecimento dos laços militares entre o Brasil e a China, que vem enviando tropas para os exercícios desde o ano passado. O governo brasileiro decidiu recentemente expandir sua representação em Pequim, nomeando oficiais-generais como adidos militares em sua embaixada.

Apesar do cancelamento e da incerteza em torno da Operação Formosa, a cooperação militar ainda não foi completamente interrompida. Em julho, aviões cargueiros americanos ainda participaram do Exercício Conjunto Tapio, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

A suspensa Operação Core 2025, uma iniciativa conjunta entre o Exército Brasileiro e as forças dos EUA, estava planejada para novembro, com foco na padronização de procedimentos para missões de paz.

O Exercício Combinado de Operação e Rotação (CORE) é um programa cooperativo entre os dois exércitos, que inclui atividades conjuntas de treinamento. Este ano, o exercício estava programado para ocorrer no nordeste, no interior de Pernambuco, com aproximadamente 200 militares brasileiros e 150 americanos.

Tensão nos relacionamentos

Os gestos de distanciamento ocorrem após a visita ao Brasil do chefe do Comando Sul, Almirante Alvin Holsey, ter sido marcada por desconforto e maus-tratos. Naquela ocasião, os Estados Unidos haviam solicitado, e inicialmente obtido, uma visita a uma base do Exército em Rio Branco, Acre, estado que faz fronteira com a Bolívia e o Peru, com posição-chave em termos de localização geográfica e tráfico de drogas. A solicitação foi posteriormente negada. Após o Brasil se recusar a mudar também esse itinerário para Manaus, a agenda do almirante se limitou a Brasília, e nem todas as suas reuniões foram no nível hierárquico que havia sido agendado.

Algumas autoridades militares brasileiras temem que o programa Vendas Militares Estrangeiras (FMS) dos EUA, que permite a compra de equipamentos militares dos EUA em melhores condições, possa ser afetado.

O Brasil adquiriu recentemente, por meio do FMS, equipamentos modernos como mísseis, veículos blindados, aeronaves de transporte leve, componentes de apoio ao caça F-5, além de sistemas navais, de comunicação, de guerra eletrônica e de inteligência.

Um dos motivos para suspender a participação de um país no programa é a mudança no status das relações diplomáticas entre as nações, que está ocorrendo atualmente, aumentando a distância entre os dois governos.

Pode lhe interessar

Disney trai sua agenda LGBT com novo parque temático em Abu Dhabi

PanAm Post
8 de maio de 2025

Com apoio da Rússia e China, Coreia do Norte avança em linha vermelha

Paulo Henrique Araujo
31 de maio de 2024

Empresas chinesas suspendem compras de petróleo venezuelano por medo de tarifas de Trump

PanAm Post
26 de março de 2025
Sair da versão mobile