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Bolívia, o grande retrocesso do Foro de São Paulo

Na Bolívia, o cenário eleitoral revela uma mudança drástica. Jorge “Tuto” Quiroga, ex-presidente conservador e candidato do partido, surge como uma forte liderança nas investigações, prometendo “mudanças radicais” após duas décadas de governo de esquerda.

O Foro de São Paulo, aliança de partidos de esquerda fundada por Fidel Castro e Lula da Silva em 1990, enfrenta um declínio significativo na América do Sul. No Brasil, Lula enfrenta crises internas e externas, mas o golpe mais duro vem da Bolívia, onde as eleições presidenciais de 17 de agosto de 2025 podem marcar o fim do domínio do Movimento Socialista (MAS). Esse revés desvaloriza a posição internacional de Lula como líder fundador e coloca em dúvida o futuro do projeto revolucionário regional.

Na Bolívia, o cenário eleitoral revela uma mudança drástica. Jorge “Tuto” Quiroga , ex-presidente conservador e candidato do partido, surge como uma forte liderança nas investigações, prometendo “mudança radical” após duas décadas de governo de esquerda. Ele disputa a eleição com Samuel Doria Medina, empresário centrista com tendências social-democratas, que lidera algumas investigações ao lado de outros líderes, como Manfred Reyes Villa. O MAIS, dividido por disputas internas entre as facções de Evo Morales e Luis Arce, não conseguiu obter apoio popular histórico. Arce, o atual presidente, optou por não se reeleger, e seu candidato, Andrónico Rodríguez, aliado de Morales, luta em terceiro lugar em meio à crise econômica e ao descontentamento generalizado.

Esse declínio é atribuído aos múltiplos escândalos envolvendo Evo Morales, que dominou a política boliviana por anos. Cercado por acusações de corrupção, tentativas de desestabilizar Arce, incluindo bloqueios e sentenças de prisão, e graves alegações de abuso de menores, Morales foi considerado inelegível para concorrer. Esses casos têm sido baseados em evidências do MAS, desencorajando seus seguidores, mas, acima de tudo, levando a sociedade boliviana a mudar de rumo, apoiando amplamente o antimassismo para governar pela primeira vez em décadas.

A perda da Bolívia e o fim do kirchnerismo na Argentina deixam Lula em posição vulnerável. Como fundador, ele vê sua influência regional enfraquecida diante de crises internas no Brasil, como a “tarifa” imposta pelo governo Trump, que aplica tarifas de 50% às exportações brasileiras, em retaliação à perseguição judicial contra Jair Bolsonaro.

Devemos considerar que o verdadeiro propósito do Foro de São Paulo é a legalização do narcotráfico como atividade protegida por governos e forças armadas. Membros como o chavismo e o Cartel dos Sóis, as FARC e o ELN colombianos, e o zelayismo em Honduras, juntamente com o MAS na Bolívia, formam redes de narcotráfico na região. A Bolívia, um polo fundamental do tráfico de cocaína, representa um pilar desse projeto. Sua perda seria um golpe mortal para o “projeto revolucionário”, cortando as fraturas, a produção de coca e as fontes de financiamento.

Será que Lula impulsionou uma “nova esquerda” na cúpula de Santiago do Chile em 21 de julho passado? Ao lado de Gabriel Boric, Gustavo Petro, Pedro Sánchez e Yamandú Orsi, Lula alertou contra o “avanço dos extremismos diretos” e pediu a revitalização do progressismo. Essa ofensiva busca conter os retrocessos, mas é tarde demais: o declínio do massismo na Bolívia anuncia o declínio do Foro de São Paulo na América do Sul.

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