Mais de cem mil pessoas desfilaram nestes dias pelo templo do Vaticano para se despedir do pontífice argentino, entre elas muitos turistas e curiosos que se “esgueiraram” para tirar fotos pela última vez do papa mais “viral” da história.

Cidade do Vaticano, 25 abril (EFE) – As redes sociais continuam a desempenhar um papel de destaque na despedida em massa do Papa Francisco, que morreu na segunda-feira aos 88 anos, em meio a uma crescente controvérsia sobre as selfies que alguns visitantes postaram em frente ao seu caixão na Basílica de São Pedro.

Mais de cem mil pessoas desfilaram nestes dias pelo templo do Vaticano para se despedir do pontífice argentino, entre elas muitos turistas e curiosos que se “esgueiraram” para tirar fotos pela última vez do papa mais “viral” da história.

Nas últimas horas, espalharam-se imagens de pessoas que, depois de horas de espera, aproveitam os poucos segundos que as autoridades permitem parar em frente ao caixão para tirar uma selfie com o corpo de Francisco dentro do caixão e depois publicá-las nas redes sociais.

Isso gerou críticas de muitos fiéis, que denunciaram a falta de respeito e solenidade em um contexto de luto.

“O momento vivido com tantas pessoas perde muito da intimidade; as filas, a velocidade, desfocam essa experiência”, disse Pedro, que viajou a noite toda de carro da cidade espanhola de Múrcia para se despedir do papa, à EFE.

“Muitos vêm mais para tirar fotos do que para rezar pelo papa”, acrescentou com amargura.

A proximidade de Francisco com os jovens e sua presença digital ativa, especialmente por meio da conta oficial @Pontifex no X (antigo Twitter), marcaram o estilo de um papa que soube se adaptar às linguagens contemporâneas e construir pontes com as novas gerações.

Embora a conta tenha sido inaugurada por Bento XVI em dezembro de 2012, foi Francisco quem transformou esse canal em uma ferramenta regular de comunicação com milhões de fiéis.

Fotos e vídeos gerados por IA para se despedir

Quatro dias após sua morte e às vésperas do funeral em massa previsto para sábado, as redes sociais continuam a lamentar sua morte com uma avalanche de homenagens, mensagens de afeto e conteúdo que consolidam o pontífice argentino como o mais “viral” e fotografado da história.

Agora, esses mesmos jovens o homenageiam em plataformas como o TikTok e o Instagram com publicações emotivas que compilam seus discursos mais memoráveis e os momentos icônicos de seu pontificado.

E até mesmo vídeos gerados com Inteligência Artificial (IA) nos quais ele é visto chegando ao céu, recebido por seus antecessores João Paulo II e Bento XVI, ou até mesmo por Jesus, com quem aparece tirando uma foto “entre as nuvens”.

Nas primeiras 24 horas após o anúncio de sua morte, foram gerados mais de 9,7 milhões de conteúdos relacionados ao papa e quase 200 milhões de interações nas mídias sociais em todo o mundo, de acordo com uma análise da plataforma SocialCom para a Adnkronos.

Um número que superou outros eventos de grande impacto global, como a tentativa de assassinato do presidente dos EUA, Donald Trump, em 2024.

Muito querido pela geração mais jovem, Francisco conseguiu se conectar com eles graças ao seu tom direto, sua linguagem simples e sua visão positiva do uso das mídias sociais, que ele não condenou nem ignorou durante seu pontificado.