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As condições de Putin, tratadas com Trump, para o fim da guerra na Ucrânia

O presidente russo está impondo condições que beiram o impossível para a Ucrânia. Ele também propõe jogos de hóquei contra os EUA, possivelmente buscando fazer uma declaração de força contra o governo Donald Trump, que agora está negando ao Kremlin a condição de encerrar a ajuda a Kiev.

A conversa telefônica entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu colega russo, Vladimir Putin, durou mais de 90 minutos. No entanto, até horas atrás, só se sabia o que a Casa Branca informava. O outro lado da moeda é a declaração de Moscou , segundo a qual, se as condições do Kremlin forem atendidas, a Ucrânia ficaria à mercê das ações militares russas.

Por exemplo, ele explica que “no contexto da iniciativa do presidente dos EUA de introduzir uma trégua de 30 dias”, o lado russo insiste em “interromper a mobilização forçada na Ucrânia e o rearmamento de suas forças armadas”. Por outro lado, exige “a cessação completa da assistência militar estrangeira e o fornecimento de informações de inteligência a Kiev”.

Longe de ser um simples resumo da conversa, ele demonstra as intenções de Putin de desarmar a Ucrânia e deixá-la sem recursos, como a inteligência que recebe dos Estados Unidos, útil para conter a ofensiva russa. Em contraste, a declaração da Casa Branca enfatiza que ambos os líderes “concordaram que este conflito deve terminar com uma paz duradoura”. O detalhe está em como as partes negociadoras pretendem atingir esse objetivo.

Pouco depois, Trump afirmou que Putin não havia pedido que ele encerrasse a ajuda à Ucrânia, como alega o Kremlin, e que o assunto nem havia sido mencionado na conversa telefônica. Em entrevista à Fox News , a jornalista Laura Ingraham perguntou se Putin havia exigido o fim da ajuda. “Não, ele não falou. Nós não falamos sobre ajuda. Na verdade, nós não falamos sobre ajuda de forma alguma. Nós falamos sobre muitas coisas, mas ajuda nunca foi mencionada”, Trump respondeu, refutando assim o relatório russo.

Negociações sem Zelensky

Análises como a oferecida recentemente pelo jornalista e escritor Nacho Montes de Oca ao PanAm Post convidam à reflexão sobre a capacidade de negociação que Donald Trump pode ou não ter. Uma parte da equipe dos EUA viajou para Moscou recentemente, e então ocorreu esta ligação entre os dois líderes.

Agora, em nova observação, o especialista explica que Putin está “colocando objetivos impossíveis”, já que a Ucrânia “não deixará de se armar até o fim da trégua” porque tem a Rússia do outro lado do território, enquanto “a Europa não cumprirá as exigências de um acordo do qual não foi parte”.

E é preciso ler nas entrelinhas as condições de Putin. Por exemplo, o lado russo “está pronto para ser guiado por considerações humanitárias” e, somente em caso de rendição, “garantir a vida dos soldados das Forças Armadas da Ucrânia”. O texto acrescenta que os líderes reafirmaram sua intenção de continuar os esforços para chegar a um acordo bilateral na Ucrânia. Para isso, “estão sendo criados grupos de especialistas russos e americanos”. Mais uma vez, o governo de Volodymyr Zelensky fica de fora de qualquer mesa de discussão.

Putin quer jogos de hóquei

Organizar jogos de hóquei nos Estados Unidos e na Rússia é outra das condições de Vladimir Putin. De acordo com a declaração de seu governo, “Donald Trump apoiou a ideia”. No entanto, esta proposta tem um contexto geopolítico.

O hóquei no gelo é um dos esportes mais populares na Rússia, junto com o futebol, uma tendência herdada da União Soviética (URSS). Isso fez com que a Kontinental Hockey League (KHL) se tornasse uma das ligas mais competitivas do mundo, superada apenas pela American National Hockey League (NHL) em termos de qualidade e prestígio.

Em termos de números, a URSS detém 22 títulos mundiais, enquanto a Rússia detém cinco. Portanto, com essas partidas, Moscou poderia buscar uma declaração de superioridade sobre Washington. Uma medida que andaria de mãos dadas com a exclusão total da Ucrânia das negociações.

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