PHVOX – Análises geopolíticas e Formação
Colunistas

Anchieta entre os tamoios

Anchieta entre os tamoios

Cativo entre os tamoios se encontrava
O jovem jesuíta Padre Anchieta,
Enquanto alguma paz se negociava

Entre lusos e francos, numa treta
Travada em território brasileiro.
Sequiosos, os selvagens, de vendeta,

Tramavam contra o padre o tempo inteiro,
Agindo, atrozes e ameaçadores,
Pra arremessar-lhe a alma num braseiro.

Tentavam incutir-lhe mil pavores,
De morte e de tortura o ameaçando,
Enquanto ia o pobre padre as dores

Da fome e dos maus tratos vivenciando.
No entanto, resistia inabalável
O heroico jesuíta, mesmo quando

O fim lhe parecia inevitável.
Tramaram nova tática os gentios,
E, simulando um trato mais amável,

Tentaram corromper-lhe a fé e os brios.
Banquetes com cauim lhe ofereceram,
E belas virgens para compadrios,

Porém, nem mesmo assim arrefeceram
Sua fé, e então, pela primeira vez,
Seu misterioso Deus alguns temeram.

Diante de tamanha solidez
De fé, as penas foram-lhe abrandadas,
E o prisioneiro, pescador se fez:

Na mata, missas eram oficiadas,
Entre onças, cascavéis, sabiás e anus,
E as almas dos indígenas fisgadas

Aos poucos iam sendo pra Jesus.
Ainda mais espanto lhes causou,
Quando, inspirado por divina luz,

As areias da praia registrou
O santo jesuíta seis mil versos
À Mãe de Deus, que lhes apresentou

E em cuja caridade os pôs imersos,
Advindo dessas epopeias santas
Mais um sem-número de féis conversos.

A paz, enfim, chegou depois de tantas
Negociações, triunfando, gloriosos,
Os lusos sobre os francos sacripantas.

Nem lá nem cá, porém, mais poderosos
Saíram-se os soldados aguerridos
Que Anchieta, em seus trabalhos caridosos,

Tendo feito os tamoios convertidos!

Pode lhe interessar

Luís Inácio, símbolo do Brasil

Heitor De Paola
25 de maio de 2023

Klaus Schwab, Putin, Kissinger e o avanço da Revolução na Ucrânia

Paulo Henrique Araujo
23 de maio de 2022

A arte, politizada desde sempre: escalonamento e libertação

Anderson C. Sandes
27 de outubro de 2022
Sair da versão mobile