A história julgará esses líderes, não por seus discursos grandiloquentes, mas por sua cumplicidade com a escuridão.
Em 10 de outubro de 2025, o Comitê Nobel Norueguês concedeu o Prêmio da Paz a María Corina Machado, que teoricamente é a vice-presidente do governo eleito pelo povo venezuelano em 28 de julho de 2024, segundo a designação anunciada por Edmundo González. De acordo com os únicos registros publicados da eleição, González derrotou Nicolás Maduro por quase 40 pontos. Este prêmio não é apenas um reconhecimento de sua luta incansável pela democracia, mas também um clamor global contra a opressão que sufoca a Venezuela há mais de duas décadas. A dupla González-Machado representa a esperança de milhões de venezuelanos fartos da fome, da repressão e do exílio forçado. No entanto, os presidentes do México, Brasil e Colômbia — Claudia Sheinbaum, Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro, respectivamente — juntamente com o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, optaram pelo silêncio cúmplice ou pela ambiguidade, posicionando-se de fato a favor de Maduro e contra essa vitória simbólica pela liberdade.
Comecemos com Gustavo Petro, o presidente colombiano cuja “paz total” é seletiva. Embora tenha dado felicitações erráticas a Machado, mencionando-a ao lado de um vencedor falecido em um tuíte polêmico, sua postura revela afinidade com o chavismo. Petro criticou a pressão dos EUA contra Maduro, alertando para um “novo cenário de guerra” no Caribe e defendendo o “diálogo” com o regime como se ambos os lados fossem equivalentes. Ele assinou acordos binacionais com a Venezuela, ignorando a fraude eleitoral de 2024 e a detenção de 38 colombianos pelo chavismo. Diante do destacamento naval dos EUA, Petro chegou a insinuar que a Colômbia poderia apoiar militarmente Maduro, priorizando uma “união latino-americana” em detrimento da libertação de um povo vizinho. Essa indiferença não é neutralidade. É um endosso ao autoritarismo que mina a luta que Machado lidera e que o Prêmio Nobel celebra.


No México, Claudia Sheinbaum optou pelo silêncio absoluto. Quando questionada diretamente sobre o prêmio, evitou qualquer comentário. Sob sua liderança, o México manteve relações diplomáticas mornas com Maduro, reconhecendo sua “vitória” fraudulenta sem questionar tortura ou sanções internas. Esse silêncio não é coincidência. Ele reflete a herança morenista de Andrés Manuel López Obrador, que sempre defendeu o socialismo do século XXI. Ao não celebrar o prêmio de Machado, Sheinbaum não apenas ignora o sofrimento venezuelano que enviou milhões de refugiados para suas fronteiras, como também defende implicitamente a tirania, alinhando-se a um regime que viola diariamente os direitos humanos, especialmente os das mulheres que ela afirma representar.
No Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva repete seu comportamento tipicamente cínico. Nenhuma declaração oficial veio do Palácio do Planalto sobre o Prêmio Nobel de María Corina Machado, apesar de o Brasil abrigar centenas de milhares de exilados venezuelanos. Lula, que promoveu o diálogo com Maduro por meio da CELAC, vê o chavismo como um aliado ideológico contra o “imperialismo ianque”. Seu silêncio em relação ao prêmio é uma rejeição velada à luta dos venezuelanos por liberdade, priorizando a estabilidade autoritária em detrimento da justiça. Hoje, podemos dizer que Lula normalizou as relações com a máfia do narcotráfico que controla a Venezuela.
Pedro Sánchez, o primeiro-ministro espanhol, tem sido igualmente evasivo. Em entrevista à Cadena SER, Sánchez justificou seu silêncio sobre o Prêmio Nobel da Paz de María Corina Machado alegando que “não comenta sobre os Prêmios Nobel da Paz”, apesar de ter
parabenizado publicamente outros laureados no passado. Essa duplicidade de critérios não é neutra: reflete a ambiguidade histórica de seu governo em relação a Maduro, com laços financeiros por meio do Banco da Espanha e críticas mornas à repressão chavista. A Espanha, que acolhe centenas de milhares de exilados venezuelanos, opta pelo status quo autoritário em vez de apoiar a luta pela liberdade, traindo sua tradição de defesa dos direitos humanos.
Esses líderes de esquerda, unidos pela ideologia que produz mais violência e injustiça no mundo, são contra a liberdade venezuelana. Seu apoio tácito a Maduro, por meio de reconhecimento diplomático, acordos econômicos e críticas às sanções, defende o autoritarismo como modelo ideal. Enquanto Machado recebe o Prêmio Nobel da Paz por promover a transição da ditadura para a democracia, Sheinbaum, Lula, Petro e Sánchez premiam a tirania chavista. Isso não é apenas um erro geopolítico; é uma traição moral aos valores de liberdade e dignidade na Ibero-América.
A história julgará esses líderes, não por seus discursos grandiloquentes, mas por sua cumplicidade com as trevas. A Venezuela clama por verdadeiros aliados, não por protetores de tiranos. É hora de o mundo escolher: o Prêmio Nobel da Paz ou a narcotirania de Maduro? Já sabemos a resposta que esses quatro dão, e isso envergonha a região e todo o continente.