O governo Lula também prepara um projeto de lei para tentar regulamentar o conteúdo publicado nas redes sociais, mas, segundo a imprensa brasileira, persistem dúvidas sobre a adequação de tal regulamentação, dada a possibilidade de ser considerada uma violação à liberdade de expressão.

Rio de Janeiro, 17 de setembro (EFE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou nesta quarta-feira ao Congresso um projeto de lei para regulamentar a economia das gigantes da tecnologia com medidas destinadas a combater práticas que possam prejudicar a livre concorrência, informou a Presidência.

O texto foi resultado de um ano de trabalho de especialistas do Ministério da Fazenda e concede novos poderes ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), órgão antitruste do Brasil, para impedir que grandes empresas de tecnologia “ameacem” a livre concorrência no mundo digital.

O projeto tem como alvo empresas como Apple, Amazon, Google, Meta e Microsoft, e exclui explicitamente empresas de tecnologia menores do escopo do CADE.

Entre as práticas consideradas ameaças à livre concorrência estão a falta de transparência nos mecanismos de busca e a cobrança de taxas “abusivas” por lojas de aplicativos digitais.

Também há medidas planejadas para impedir que gigantes da tecnologia exijam que os consumidores comprem apenas um de seus outros serviços ao adquirir um deles, ou que os obriguem a usar métodos de pagamento de empresas às quais são afiliados.

Segundo o governo brasileiro, tais práticas ameaçam a competitividade, sufocam empresas menores e, em última análise, aumentam o custo dos serviços.

O governo Lula também prepara um projeto de lei para tentar regulamentar o conteúdo publicado nas plataformas de mídia social de gigantes da tecnologia e impedir a disseminação de “notícias falsas”, mensagens “de ódio” ou “antidemocráticas”, ou apologia à criminalidade.

Segundo relatos da imprensa, embora a intenção fosse apresentar as duas iniciativas simultaneamente, ainda há dúvidas sobre a pertinência de um projeto de lei de regulamentação de conteúdo, diante da possibilidade de ser considerado uma violação à liberdade de expressão.

A potencial regulamentação de gigantes da tecnologia no Brasil é uma das justificativas que o governo Donald Trump está usando para impor sanções ao país governado pelo esquerdista Lula da Silva.

Em agosto passado, Trump impôs tarifas de 50% sobre muitos produtos brasileiros , em parte em retaliação ao julgamento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado, mas também pelas regulamentações do país em torno das mídias sociais, que ele acredita prejudicar as empresas americanas do setor.