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A cúpula do Partido Comunista Chinês realiza sua sessão plenária em meio a expurgos e tensões internas

Pequim, 20 de outubro (EFE) – A turbulência interna é uma das principais questões enfrentadas pela quarta sessão plenária do todo-poderoso Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCCh), que começou na segunda-feira e deve trazer mudanças na liderança após uma série de expurgos de corrupção que afetaram os principais líderes civis e militares.

Segundo vários analistas, pelo menos nove dos 205 membros titulares do Comitê Central, órgão dirigente do partido, poderiam ser substituídos, o que representaria a maior rotatividade desde 2017.

Essas mudanças geralmente são formalizadas durante sessões plenárias, que normalmente são convocadas sete vezes durante cada mandato de cinco anos do Comitê e realizadas a portas fechadas e com absoluto sigilo.

A composição do atual Comitê Central foi determinada durante o 20º Congresso do PCCh, realizado em outubro de 2022.

Em sua terceira sessão plenária, em julho de 2024, o Partido expulsou formalmente vários membros do partido, incluindo os ex-ministros das Relações Exteriores e da Defesa Qin Gang e Li Shangfu, ambos destituídos do cargo em 2023.

A corrupção afeta altos funcionários

A campanha anticorrupção, uma das principais políticas do líder chinês Xi Jinping, alcançou autoridades do setor financeiro, governos locais e ministérios nos últimos meses.

Entre os casos mais proeminentes está o do ex-ministro da Agricultura e Assuntos Rurais, Tang Renjian, que foi condenado à morte com pena suspensa em setembro passado por aceitar subornos avaliados em mais de 268 milhões de yuans (cerca de US$ 37 milhões).

Também em setembro, a Comissão Central de Inspeção Disciplinar, o principal órgão de fiscalização anticorrupção do país, anunciou a prisão de Yi Huiman, ex-presidente da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China, por “graves violações disciplinares e legais”.

Yi, que liderou a agência de 2019 a fevereiro deste ano, é o terceiro alto funcionário do mercado de ações chinês a ser investigado por corrupção desde 2016.

Este ano, a campanha também alcançou líderes regionais que são membros do Comitê, incluindo Wang Lixia, ex-governador da Região Autônoma da Mongólia Interior (norte); Lan Tianli, ex-chefe do Governo Regional de Guangxi (sul); e Jin Xiangjun, ex-governador da província central de Shanxi.

Quaisquer demissões e a nomeação de substitutos serão aprovadas no final da reunião.

Escândalos nas Forças Armadas
Na esfera militar, na última sexta-feira, as autoridades anunciaram a expulsão de nove oficiais superiores do PCCh e do Exército de Libertação Popular por “graves violações disciplinares” e supostos crimes de corrupção, em um dos maiores expurgos militares dos últimos anos.

Os sancionados incluem o general He Weidong, vice-presidente da Comissão Militar Central (CMC), o órgão dirigente das forças armadas chinesas, e o almirante Miao Hua, ex-diretor do Departamento de Trabalho Político da CMC.

De acordo com o Ministério da Defesa, os casos fazem parte de uma investigação mais ampla sobre vários altos funcionários suspeitos de crimes envolvendo “uma quantia extremamente alta de dinheiro” e “consequências altamente prejudiciais”.

O caso dele atraiu atenção internacional depois que o alto funcionário desapareceu da vida pública em março.

As Forças Armadas chinesas estiveram recentemente no centro de vários escândalos, levando à desgraça dos dois ministros da Defesa anteriores e altos funcionários associados à Força de Foguetes. Isso levou o CMC a emitir novas diretrizes em julho passado para fortalecer a “lealdade política” e a integridade de seus membros.

Refletindo a “força” de Xi
“Os recentes expurgos refletem a força política de Xi, não sua fraqueza”, observam os pesquisadores Neil Thomas, Lobsang Tsering, Shengyu Wang e Jing Qian, do Asia Society Policy Institute (ASPI).

De acordo com esses especialistas, “ao demitir altos quadros e generais, Xi está demonstrando que pode impor sua vontade tanto ao Partido quanto aos militares”.

A análise do ASPI acrescenta que, se todas as demissões fossem confirmadas, “esta seria a reunião do Comitê Central com menor comparecimento nos últimos anos”, ressaltando “a ênfase de Xi na autolimpeza” dentro do partido no poder.

Além disso, os participantes da sessão plenária devem abordar recomendações para o 15º Plano Quinquenal (2026-2030) até a próxima quinta-feira, que definirá as prioridades econômicas e sociais do país para os próximos cinco anos.

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