A oferta de Carvajal tem motivos pessoais por trás, entre eles, sua profunda relação de amizade com Ramírez. De fato, em 2019, a agência AP News divulgou que ambos se reuniram na Europa com identidades falsas para discutir cenários de pressão contra Maduro.
Hugo “El Pollo” Carvajal, ex-chefe da inteligência militar durante o regime chavista, juntou-se à busca por um possível substituto para o ditador, em meio a conversas confidenciais com autoridades americanas. Numa tentativa de evitar a prisão perpétua por narcoterrorismo, ele propôs o ex-presidente da PDVSA, Rafael Ramírez, apesar das múltiplas investigações contra ele por desvio de US$ 2 bilhões durante sua década à frente da estatal petrolífera.
Num ato de amnésia política ou estratégia legal, Carvajal garantiu ao Ministério Público dos EUA que “o czar do petróleo” funcionaria como uma figura de consenso durante uma possível transição de Maduro, porque mantém aliados nas fileiras do chavismo tradicional, de acordo com fontes consultadas pelo The Objective.
Entre os argumentos apresentados, ele também incluiu a ideia de que o ex-ministro serviria como uma “ponte” entre as entidades públicas, dado seu status como uma das primeiras vozes dissidentes de “alto nível” dentro do regime a questionar a corrupção de Maduro. Ele chegou a basear sua proposta para Ramírez no fato de que há oficiais militares de alta patente que rejeitariam uma transição liderada pela oposição devido ao crescente temor de represálias por parte de um novo governo.


Candidato com três mandados de extradição contra ele
A oferta de Carvajal tem motivações pessoais, incluindo sua estreita amizade com Ramírez. De fato, em 2019, a Associated Press noticiou que os dois se encontraram na Europa sob identidades falsas para discutir estratégias de pressão sobre Maduro.
A ligação entre Carvajal e Ramírez está gerando desconfiança em Washington. Embora Carvajal esteja familiarizado com o funcionamento das instituições militares venezuelanas, sua iniciativa apenas revela sua necessidade de se tornar um intermediário-chave em meio às tensões entre Miraflores e o governo de Donald Trump.
O objetivo? Capitalizar alguma vantagem legal às vésperas de sua sentença, que será proferida em fevereiro do ano que vem em Nova York. Mas a probabilidade de convencer a Casa Branca sobre a escolha de Ramírez é extremamente baixa, visto que o objetivo dos Estados Unidos é buscar uma solução que combine legalidade constitucional e controle do território sem conflitos internos.
Sem condições mínimas
Desde sua demissão em 2017, por criticar Maduro e fugir para a Itália para evitar a prisão, Ramírez não atendeu a essas condições mínimas. Maduro já tentou extraditá-lo três vezes, sem sucesso. O primeiro pedido foi feito em 17 de agosto de 2018, devido a irregularidades detectadas em um contrato entre a PDVSA e a Petro-Saudi (setembro de 2010) para o arrendamento de uma embarcação destinada à extração de gás no projeto Mariscal Sucre.
Naquela ocasião, o pedido foi dirigido ao Reino da Espanha, dada a certeza de que o ex-presidente da PDVSA mantinha residência em Madri. Um ano depois, em novembro de 2019, um novo processo de extradição foi iniciado junto à Itália, com base nos mesmos argumentos, e o pedido mais recente data de novembro de 2022.