Após a apreensão das armas em posse dos criminosos, foi possível determinar o tipo e a origem das armas; portanto, analisando-as e classificando-as individualmente, constatou-se que os fuzis tinham origens tanto militares quanto civis.
As últimas operações policiais no Rio de Janeiro resultaram em uma disputa pelo controle territorial do crime organizado nas favelas e, ao mesmo tempo, trouxeram à tona o aumento do tráfico de armas de guerra na região.
Posteriormente, após a apreensão das armas em posse dos criminosos, foi possível determinar o tipo e a origem das mesmas. Assim, ao analisá-las individualmente e classificá-las, constatou-se que os fuzis tinham origem tanto militar quanto civil.
A inspeção revelou um grande número de fuzis AR-15 de fabricação americana, mas de origem civil. Esses fuzis são, em sua maioria, traficados em peças e montados na região da tríplice fronteira com o Paraguai e a Argentina. Da mesma forma, receptores e peças de marcadores de airsoft são adicionados para completar os fuzis destinados à venda.


Podemos também mencionar diversas armas de projeto belga, como o Fuzil Automático Liviano (FAL), comumente utilizado pelas forças armadas da América Latina. Alguns desses fuzis de combate ainda conservavam suas marcações originais, provenientes de depósitos na Argentina e na Venezuela.
Encontramos também outros modelos de origem alemã, como o HK G3, provenientes dos armazéns das Forças Armadas do Peru, e, por sua vez, algumas plataformas AK pertencentes ao mercado civil dos EUA, além de fuzis de fabricação militar chinesa, como o Type 56-1, muito comuns no mercado ilegal de armas.
Embora esses dados correspondam ao arsenal que estava sob o controle do Comando Vermelho, refletem uma realidade que afeta outros países da região, como Argentina, Colômbia, Equador, México, Paraguai e Venezuela, que, por sua vez, sofrem uma realidade semelhante em relação ao tráfico de armas.
A intervenção militar dos EUA como fator agravante no tráfico de armas
A possível intervenção dos Estados Unidos e, consequentemente, uma prolongada guerra de resistência por parte do chavismo, que simultaneamente integra grupos criminosos e narcoguerrilheiros, poderia resultar num aumento da quantidade de armas de guerra no comércio local; da mesma forma, a aquisição de armamento mais potente e tecnologicamente avançado, como canhões antiaéreos portáteis (IGLA-S), lançadores de granadas autopropulsados (RPG), lançadores de granadas de 40 mm, canhões sem recuo (M2 Carl Gustav), metralhadoras antiaéreas e antimaterial (M2 Browning .50), o que poderia aumentar o poder operacional da criminalidade militarizada.
Da mesma forma, o aprimoramento das capacidades militares pode levar, politicamente, ao desenvolvimento de cenários de guerra híbrida, que, por sua vez, afetariam os governos aliados dos EUA na região, com o objetivo de gerar mudanças governamentais que, posteriormente, poderiam se posicionar contra a intervenção, gerando situações como a do Afeganistão em 2021 e, assim, agravando exponencialmente os problemas do crime organizado, das narcoguerrilhas, dos cartéis de drogas militarizados e das gangues organizadas.
Por fim, não podemos esquecer cenários de intervenção recentes, como no Iraque, onde o abandono dos quartéis pelos soldados iraquianos deixou os depósitos de armas expostos a saques, resultando na posse de armamento nas mãos de civis que, durante a crise e a estabilização do país, negociaram equipamentos militares a preços muito baixos e, em alguns casos, os trocaram por alimentos e cigarros.
Em conclusão, o tráfico de armas de guerra na região é um problema crescente que pode se intensificar em relação à segurança do Estado, considerando que, embora os depósitos de armas dos exércitos da América Latina não possuam grandes reservas, ainda representam um fator de risco, dada a negligência governamental e a falta de investimento em segurança.
Ficha técnica do arsenal do Comando Vermelho
Os fuzis do modelo AR-15, fabricados nos Estados Unidos e adquiridos no mercado civil, e as “réplicas da Colt”, que incorporam componentes civis e são finalizadas com peças de airsoft, utilizam munição de calibre 5,56×45 ou .223, são semiautomáticos e alguns não possuem seletor de disparo.

Fuzis de assalto “Fusil Automático Liviano” (FAL) de projeto belga, vários da “Fabrique Nacionale (FN)” da Bélgica e um da Fabricaciones Militares (FM) da Argentina, dois dos quais vieram dos depósitos das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) da Venezuela. Eles usam munição de calibre 7,62×51 NATO, comum em arsenais latino-americanos, como os do Brasil.

Fuzis HK G3 de projeto hispano-alemão. Um dos fuzis pertence ao arsenal das Forças Armadas do Peru. Eles utilizam o calibre 7,62×51 NATO.

Variantes do AKM, popularmente conhecidas como AK-47, originárias do mercado civil dos EUA. Utilizam o calibre 7,62×39 mm, o calibre padrão das Forças Armadas Venezuelanas (FANB), e foram fabricadas na Venezuela, a mais recente em 2025. São semiautomáticas e não possuem seletor de tiro. Ao fundo, encontram-se diversos modelos de pistolas Glock, de design austríaco, possivelmente fabricadas nos EUA e importadas do mercado civil, algumas com seletor de tiro para o modo automático. São calibradas para munição 9 mm e outros tipos comuns, como .45 ACP e .40.
