Além das panes, os apagões por falta de capacidade de produção de eletricidade são uma constante há anos em Cuba, mas pioraram consideravelmente nos últimos meses. A duração média dos apagões em julho e agosto ficou entre 15 e 16 horas, segundo a UNE (União Nacional da Eletricidade).
Cuba sofreu nesta quarta-feira um novo apagão em todo o país, o quinto de caráter nacional em menos de dois anos, conforme informou nas redes sociais a União Elétrica (UNE) da ditadura, que mais uma vez culpa as “sanções americanas”, ignorando relatórios independentes que comprovam a enorme corrupção da cúpula castrista.
O apagão geral, que afetou mais de nove milhões de cubanos, ocorreu às 9h14, horário local, aparentemente devido a uma falha na usina termelétrica Antonio Guiteras, em Matanzas, uma das maiores do país.


“Houve um desligamento total do sistema elétrico, o que pode estar associado a um desligamento inesperado da usina de Guiteras. No entanto, as causas estão sendo investigadas. O processo de restauração já foi iniciado”, escreveu o Ministério de Energia e Minas (Minem) da ditadura nas redes sociais.
O Minem acrescentou que já foram iniciadas as tarefas de restabelecimento do SEN, um procedimento lento e trabalhoso que, nas últimas ocasiões, levou dias.
ATENCIÓN. Apagón nacional total en Cuba. pic.twitter.com/jUKx3eLEqy
— Gabriel Bastidas (@Gbastidas) September 10, 2025
Esse processo envolve a geração de energia usando fontes iniciais simples (solar, hidrelétrica, motores de geradores) para atender pequenas áreas que são então interconectadas.
O objetivo é entregar rapidamente energia suficiente para as usinas termelétricas do país, a base da geração de eletricidade em Cuba, para que elas possam reiniciar e produzir energia novamente.
O SEN sofreu uma queda parcial de energia na noite do último domingo, quando uma linha de energia se rompeu, deixando cinco províncias no leste do país sem energia por horas.
Além das panes, os apagões por falta de capacidade de produção de eletricidade são uma constante há anos em Cuba, mas pioraram consideravelmente nos últimos meses. A duração média dos apagões em julho e agosto ficou entre 15 e 16 horas, segundo a UNE.
Nos últimos dois anos, houveram outros quatro cortes de energia nacionais no SEN, dois devido a furacões e os outros dois às condições extremamente precárias de operação do sistema elétrico cubano.
Subfinanciamento e corrupção
As usinas termelétricas de Cuba estão, em sua maioria, obsoletas, após décadas de operação e uma crônica falta de investimento e manutenção, enquanto dezenas de motores geradores estão fora de serviço diariamente devido à falta de moeda estrangeira do país para importar combustível suficiente, de acordo com o regime, que também é acusado de esconder uma fortuna de US$ 18 bilhões por meio do Business Administration Group SA (GAESA), que controla dezenas de empresas estatais administradas pelas Forças Armadas Revolucionárias, de acordo com documentos secretos revelados pelo Miami Herald.
Especialistas independentes apontam que a crise energética se deve ao subfinanciamento crônico deste setor, que tem sido completamente controlado pelo Estado cubano desde o triunfo da revolução em 1959, que estabeleceu uma ditadura brutal que está no poder há mais de seis décadas.
Como esperado, o regime de Castro atribui a situação ao impacto das sanções dos EUA sobre essa indústria e a acusa de “sufocamento energético”. Essa retórica recorrente foi desmantelada em mais de uma ocasião, não apenas com escândalos de corrupção que expuseram os luxos desfrutados pela elite da ditadura, mas também com números do comércio exterior que mostram como Cuba importa produtos sem restrições, até mesmo dos Estados Unidos.
Vários cálculos independentes concordam em estimar que o regime cubano precisaria entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões para reativar o sistema elétrico, uma quantia que o regime de Castro alega não ter, embora relatórios independentes revelando a corrupção da elite “comunista” indiquem o contrário.
Os apagões representam um fardo significativo para a economia cubana, que contraiu 1,1% em 2024 e registrou um declínio acumulado de 11% nos últimos cinco anos, segundo dados oficiais. A CEPAL também prevê que seu Produto Interno Bruto (PIB) será negativo este ano.
Os apagões também alimentam o descontentamento social em Cuba e estão ligados a grandes protestos no país nos últimos anos, como os de julho de 2021, os de Nuevitas e Havana em agosto de 2022 e os de Santiago de Cuba e outras cidades em março de 2024.
Com informações da EFE