“O que o socialismo do século XXI quer é estabelecer o que eu chamo de URPAL, que seria a ‘União das Repúblicas Progressistas da América Latina’, onde, sem dúvida, o comunismo voltará a reinar nesses países”, alerta o ex-vice-ministro da Defesa colombiano, David René Moreno, em entrevista ao PanAm Post, a respeito da zona binacional que Gustavo Petro e Nicolás Maduro teriam criado com três departamentos colombianos e dois estados venezuelanos.
A zona binacional que agruparia os estados venezuelanos de Zulia e Táchira e os departamentos colombianos de Norte de Santander, Cesar e La Guajira, que Gustavo Petro e Nicolás Maduro teriam concordado em criar por meio de um acordo recente, conforme anunciado pelo ditador venezuelano, gerou grande preocupação na Colômbia devido às implicações e ao alcance de uma decisão desta magnitude em termos de soberania, levantando uma pergunta: Petro entregou território colombiano a Maduro?
O silêncio reina na Casa de Nariño. Ninguém em Bogotá confirmou ou desmentiu as informações vindas do Palácio de Miraflores, em Caracas, o que só aumenta as dúvidas e suspeitas. “Maduro está até falando em criar uma zona de paz naquela área; ele está interferindo nos assuntos internos do país. Ou as autoridades daquele país, a Venezuela, também terão jurisdição sobre o território colombiano?”, pergunta o Almirante David René Moreno, ex-vice-ministro da Defesa da Colômbia, em entrevista ao PanAm Post.
A resposta não tardou a chegar. Para o especialista, que também foi Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas Colombianas, há um interesse ideológico comum por trás dessa medida. “O que estou vendo é que, neste momento, talvez o socialismo do século XXI queira estabelecer o que chamo de URPAL, que seria a ‘União das Repúblicas Progressistas da América Latina’, onde, sem dúvida, o comunismo reinará novamente nesses países.”


Zona binacional ou ‘República do Catatumbo’?
No entanto, Petro e Maduro não estariam sozinhos nesse projeto de criação de uma zona binacional que se tornaria um narcoestado protegido por Bogotá e Caracas. Além dos grupos irregulares que operam na região, potências hostis aos Estados Unidos também entrariam em cena. “Sabemos que, ao longo do tempo, os mesmos criminosos chamaram esta região de ‘República Independente do Catatumbo’. O que estariam fazendo — possivelmente — é oferecer-lhes maior espaço para que diferentes grupos criminosos possam se movimentar livremente e, indo um pouco mais além, facilitar a entrada em território colombiano de forças russas, chinesas e iranianas sem que um único tiro fosse disparado, perdendo indiscutivelmente nossa soberania.”
O ex-vice-ministro do governo Iván Duque alerta que, por trás dessa zona binacional, existe a intenção de “facilitar” a existência dos diversos grupos narcoterroristas que operam na região, minando assim a soberania e a democracia colombianas. “Devemos entender que, infelizmente, uma narcocultura se instalou naquela região, onde todos, ou quase todos, vivem do tráfico de drogas e onde grupos criminosos exercem enorme pressão sobre a população.”
Além disso, o Almirante Moreno enfatiza que um acordo dessa natureza está “legitimando um governo ilegítimo”, referindo-se à fraude cometida pelo regime chavista em 28 de julho do ano passado para tomar o poder pela força. “Acredito que o que eles estão tentando fazer é lançar uma tábua de salvação para a Venezuela”, pois, como ele afirma, “países com a mesma tendência ideológica, sem dúvida, tendem a se ajudar mutuamente”. Nesse sentido, ele conclui com um claro alerta para frear o avanço desses projetos. “Não podemos nos perder neste mundo complexo do comunismo que causou tantos danos ao planeta em termos gerais. Precisamos de uma democracia plenamente resiliente.”