O grupo de criadores de conteúdo poderá enfrentar os mesmos problemas jurídicos de Diego Omar Suárez, mais conhecido como ‘Michelo’, porque contribuem para a divulgação de informações que favorecem o regime chavista, acusado de crimes contra a humanidade e tráfico de drogas.
A propaganda que Diego Omar Suárez, conhecido como “Michelo”, divulga nas redes sociais a favor da ditadura de Nicolás Maduro pode lhe custar caro em termos legais. Uma denúncia por supostamente ter cometido os crimes de “apologia ao crime e intimidação pública” foi apresentada nos tribunais argentinos por Yamil Santoro, advogado e deputado da Cidade de Buenos Aires, que por sua vez se baseia nos artigos 213 e 212 do Código Penal.
Assim, o influenciador argentino não só tem de lidar com a rejeição que suscita por tentar lavar o rosto do regime de Nicolás Maduro, mas suas ações foram levadas aos tribunais. Enquanto esse processo avança, a “Liga da Justiça Social”, formada por outras personalidades da mídia social que apoiam o chavismo, ganhou destaque. E se há algo de que os regimes totalitários se valem é o uso de aliados internacionais para projetar uma imagem positiva, ocultando assim crises econômicas ou a violação sistemática dos direitos humanos e sérios ataques às instituições e ao Estado de Direito.
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Esses influenciadores argentinos também poderiam ser legalmente acusados de apoiar um regime acusado de crimes contra a humanidade e tráfico de drogas, como demonstram os registros da ONU, bem como o Departamento de Estado dos EUA anunciando recompensas de até 25 milhões de dólares por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro e Diosdado Cabello. Eles também não escondem sua cumplicidade ao admitir que “foram convidados para o Festival Mundial Antifascista”, realizado em Caracas. Esse convite, que eles mesmos admitiram ter recebido, pode ser o principal estopim de seus problemas com o sistema judiciário.
O problema de negociar com uma ditadura
Em primeiro lugar, é necessário ressaltar que o “Festival Mundial Antifascista”, realizado de 7 a 15 de janeiro deste ano em Caracas, foi organizado pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), a organização política liderada por Maduro. As despesas com “passagens aéreas, hospedagem, alimentação e mobilidade interna serão cobertas pelo comitê organizador do festival”, dizia o convite lido por um desses tiktokers. Em outras palavras, dinheiro do Estado proveniente de fundos públicos.
“Se é organizado e pago pelo Estado venezuelano, quem pagou por isso foi o ditador (…) um cara que tem uma recompensa internacional e, se aparecer em um país que não é amigo, vai para a cadeia”, explica o criador de conteúdo Tipito Enojado, em sua
análise no YouTube intitulada ‘Problemas legais para os influenciadores que foram à Venezuela’.
“Eles acham que, se não foram pagos, não é nada demais. Gente, eles foram para um país cheio de terroristas internacionais para serem ensinados a se comunicar nas redes e, além disso, ficaram em hotéis luxuosos quando o país é pobre. Eles já receberam [o dinheiro] na forma de diárias”, acrescenta. Entretanto, esse não é o único problema enfrentado por esses influenciadores argentinos.
Envolvendo “pedido de desculpas pelo crime e encobrimento”
O grupo de criadores de conteúdo poderia enfrentar os mesmos problemas legais que Diego Omar Suarez. “Tudo depende das declarações que eles fizeram e assim por diante. Por enquanto, estamos terminando a queixa contra ‘Michelo’, que já foi apresentada e agora a estamos ampliando, e não descartamos a possibilidade de estendê-la a esses pseudo-influenciadores”, explica Yamil Santoro em diálogo com o PanAm Post.
“O que também notamos é que a participação de ‘Michelo’ vai além de um ato esporádico, como a posse de Maduro, e tem um nível muito maior de participação e envolvimento”, explica.
Se estivermos falando desses criadores de conteúdo – que depois viajaram para a Bolívia para se encontrar com o ex-presidente Evo Morales, que está sendo investigado por estupro – eles podem ser acusados de defesa criminal ou ocultação. “Essas são as duas acusações criminais que se aplicam”, diz o advogado.
No momento em que este artigo foi escrito, não havia nenhum processo legal em andamento contra esses influenciadores argentinos, que são úteis para Maduro no reforço de seu aparato de propaganda. No entanto, isso pode mudar em breve, dada a mensagem publicada no X pelo advogado argentino AIe Sarubbi Benitez: “Tenho informações que levariam à prisão da liga de defensores de ditadores e pedófilos”, disse ele.