Há uma mudança de direção na política externa. Não se sabe se o relacionamento será melhor ou pior, mas com certeza não será o mesmo.

Trump venceu a eleição com o apoio histórico dos eleitores latinos. Após a vitória, o republicano comemorou em Mar-a-Lago. O primeiro chefe de Estado com quem ele comemorou não foi um europeu ou um asiático. Não. Foi o argentino Javier Milei.

Uma mensagem importante. Trump também nomeou Marco Rubio, de pais hispânicos, como seu próximo Secretário de Estado, uma medida sem precedentes na história dos EUA. A América Latina está ganhando mais relevância na agenda do país mais poderoso do mundo.

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Liderança forte e não convencional. Com um pouco de Nixon e muito de Reagan. A teoria da loucura e a liderança pela força buscam reposicionar os Estados Unidos diante do agressivo avanço comercial da China na América Latina.

A teoria da loucura. Tal como Nixon fez na década de 1970, Trump acredita no elemento surpresa para gerar medo, confusão e respeito. Reinvente as regras, levante-se da mesa e volte a ela nos seus próprios termos.

Paz através da força. Trump não foi apenas inspirado pelo apelo de Reagan para tornar a América grande novamente, mas também pelo seu lema de “paz através da força” e “política pessoal”. Mostrar presença e poder militar não para gerar guerra, mas para garantir a paz.

O dilema do petróleo ou o fim da ditadura. O regime da Venezuela quer negociar migrantes e petróleo. Ele está errado. A equipe de Trump tem certeza de que somente o fim da tirania reduzirá a migração e revitalizará o setor petrolífero.

Trump tem sido categórico. Ele reconheceu Edmundo Gonzalez como o presidente legítimo, evitou um banho de sangue e reafirmou seu total apoio aos combatentes da liberdade que enfrentam o tirano em Miraflores. Nessa nova rodada, Maduro está mais fraco e Trump, mais forte.

Sanções e pressão máxima. Sem mudar sua abordagem, Trump manteve sua linha de pressão máxima e tolerância zero contra as ditaduras de Cuba, Nicarágua e Venezuela. Não haverá menos sanções, muito pelo contrário.

Reagan e o Canal do Panamá. “Nós construímos, compramos e manteremos o Canal” foi uma frase famosa de Reagan que o catapultou para a presidência. No final, ele respeitou os acordos, mas renegociou seus termos. A estratégia provocativa de Trump pode buscar algo semelhante.

A China não controla o canal, mas não lhe falta vontade para isso. O regime comunista e suas “empresas privadas” já estão lá. A China mantém uma agenda agressiva de investimentos em infraestrutura crítica em todo o mundo para fins comerciais, mas também militares.

México. A tarefa fundamental de Trump com seu principal parceiro comercial inclui a garantia de apoio total à segurança na fronteira. Não há mais chantagem ou favores políticos para a ditadura de Cuba. Isso acabou.

O México e o cavalo de Troia da China. Trump tomou uma posição e não tolerará a inundação de produtos ou peças chinesas fabricadas no México. Impostos e outras opções comerciais permanecem na mesa.

Guerra contra os cartéis. Diante de um crescente setor de fentanil produzido no México e da pouca cooperação com a DEA, Trump está ameaçando designar os cartéis como organizações terroristas. Alguns acreditam que essa pode ser apenas uma estratégia para fazer com que o governo mexicano pare de proteger os narcotraficantes.

O novo governo dos EUA assumirá o cargo em poucos dias, mas já deu uma grande sacudida no “status quo” da América Latina. Não se sabe se o relacionamento será melhor ou pior, mas com certeza não será o mesmo.