Em uma entrevista com o podcaster norte-americano Lex Fridman, Zelenski disse que o primeiro passo em direção à paz para ele seria uma reunião com Trump após sua posse como presidente dos EUA em 20 de janeiro.
Kiev, 6 jan (EFE) – O presidente ucraniano Volodymir Zelenski disse que está pronto para negociar o fim da guerra com os russos como um passo final após uma reunião com Donald Trump e representantes da União Europeia (UE) e depois de ter obtido garantias de segurança satisfatórias para a Ucrânia.
Em uma entrevista com o podcaster norte-americano Lex Fridman, Zelenski disse que, para ele, o primeiro passo para a paz seria uma reunião com Trump após sua posse como presidente dos EUA em 20 de janeiro.
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“Nós nos sentamos, em primeiro lugar, com Trump. Concordamos com ele sobre como a guerra pode ser interrompida”, explicou o líder ucraniano, que acrescentou que, em segundo lugar, para Kiev é ‘muito importante que a Europa também tenha voz’ no processo.
Essa fase será rápida, pois “a Europa apoiará a posição de Trump”, disse Zelenski, que expressou a expectativa de que será possível obter garantias de segurança para a Ucrânia de ambos os atores.
Here's my conversation with Volodymyr Zelenskyy (@ZelenskyyUa).
— Lex Fridman (@lexfridman) January 5, 2025
It was an intense and heartfelt conversation, my goal for which was to do my small part in pushing for peace.
We spoke in a mix of 3 languages: English, Ukrainian, and Russian. It's fully dubbed in each of those 3… pic.twitter.com/2zoxM0FG89
“Mais tarde, poderemos nos sentar com os russos”, disse ele a seu interlocutor, rejeitando desde o início uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin, bem como um cessar-fogo ‘sem garantias sérias de segurança’.
Zelenski pediu a adesão parcial à OTAN, bem como o fornecimento de certas armas pelos aliados de Kiev que não serão usadas se o cessar-fogo for bem-sucedido.
O presidente ucraniano declarou-se aberto à possibilidade de uma Ucrânia dividida, ou seja, sem os territórios atualmente ocupados por Moscou, entrar para a Aliança Atlântica.
“Para nós, esses territórios são parte da Ucrânia. Mas a OTAN só poderia atuar na parte que está sob controle ucraniano. Isso pode ser negociado, tenho certeza. Sim, não seria um grande sucesso para nós, mas se virmos uma maneira diplomática de acabar com a guerra, isso faz parte dela”, disse ele.
Trump provou ser “o mais forte”
Zelenski não poupou elogios a Trump, que, segundo ele, foi eleito pelo povo porque provou ser “mais forte”, tanto “intelectual quanto fisicamente”, do que o presidente democrata Joe Biden e a candidata democrata Kamala Harris.
“Talvez ele tenha sido capaz de responder às perguntas que as pessoas tinham”, acrescentou.
O presidente ucraniano também conjecturou que Trump poderia ser o primeiro líder global a viajar para Kiev de avião quando a guerra terminar, o que, segundo ele, seria “simbólico”.
Na entrevista de três horas, Zelenski abordou o relacionamento com Belarus, dizendo que, alguns dias após o início da invasão russa, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, ligou para ele para se desculpar pelo lançamento de mísseis de seu território.
“Não fui eu, não estou no comando”, disse Lukashenko, de acordo com Zelenski, alegando que ‘não é possível confrontar os russos’, após o que se ofereceu para destruir uma refinaria bielorrussa em retaliação.
Perguntado por Fridman, Zelenski também fez alusão à impossibilidade de realizar eleições na Ucrânia até que a guerra termine e a lei marcial seja suspensa ou até que haja uma mudança legislativa, à qual ele disse que a população se opõe.
Cerca de 8,5 milhões de ucranianos estão no exterior, enquanto milhões vivem nos territórios ocupados pela Rússia, argumentou ele, referindo-se aos obstáculos logísticos que atualmente impedem a realização de eleições.